O PSDB está esfacelado. De 1994 a 2014, o partido foi para o segundo turno em todas as eleições presidenciais contra o PT.
As duas siglas monopolizaram o cenário nacional durante este longo período. FHC venceu em 1994 e 1998, embalado pelo Plano Real. Em 2002, Lula da Silva levou contra José Serra. Apesar do Mensalão, se reelegeu quatro anos mais tarde.
O PSDB, contudo, foi para o segundo turno nas duas disputas. Com Serra e Geraldo Alckmin, que agora deve ser o parceirão de chapa do ex-mito. Isso, claro, se ex-tudo for realmente candidato.
Nas duas eleições seguintes o PT se manteve no poder com a desastrada, energúmena Dilma Rousseff.
Em 2018 essa polarização foi quebrada por Jair Bolsonaro. Os tucanos não foram para o segundo turno. O atual presidente enfrentou e bateu o poste Fernando Haddad no round final do último pleito.
Voando penas
O PSDB já sentiu a dura realidade quatro anos atrás. Agora então nem se fala. Primeiro porque escolheu o candidato errado visando o embate nacional. Embora governe o sEtado que é a locomotiva nacional e tem a maior população, João Doria Junior desagrega. Não atrai apoios e não está nem aí com a questão partidária. Eduardo Leite, governador gaúcho seria capaz de fazer justamente o contrário
Esperteza sem limites
Percebendo o quadro, Lula da Silva tirou Alckmin do tucanato. O ex-governador, aliás, foi o responsável por guindar Doria à vida pública. Apesar de todos os alertas de FHC, José Aníbal, José Serra e outros históricos do PSDB.
Criador e criatura
Alckmin apostou em Doria, que se elegeu prefeito de São Paulo no primeiro turno em 2016. Dois anos depois renunciou para conquistar o governo paulista. Ali, ignorou seu padrinho político olimpicamente, criando o Bolso-Doria para surfar na onda eleitoral de quatro anos atrás.
Pena e bico
O quadro hoje é deplorável no PSDB. Geraldo Alckmin, que fez 5% dos votos para presidente em 2018, está fora do partido e é quase vice do ex-presidiário. FHC, a seu turno, está sendo procurado e assediado por Lula da Silva, que o apoiou lá em 1978 ao Senado. Soma daqui, estica dali, e são tudo farinha do mesmo saco.
Saindo do armário
Além de FHC e Alckmin, ainda há outro trio que já começa a namorar com o PT ou com o próprio Lula da Silva. Beto Richa, duas vezes governador do Paraná e o ex-prefeito de Manaus e ex-senador Arthur Virgílio Neto. Por último, neste feirão lulista para os tucanos saírem do armário, está o ex-vice-governador de SP e ex-senador Aloísio Nunes Ferreira.
É o tucanato, que sempre foi uma esquerda disfarçada, saindo do muro e assumindo o PT para abandonar João Doria.
Realidade local
Quais os reflexos disso em Santa Catarina. Será que tem algum tucano que pode assumir a divindade petista neste pleito? A legenda tinha um pré-candidato, mas Gelson Merisio simplesmente sumiu. Já se cogita que só falta ele formalizar o desembarque do PSDB para assumir um pequeno partido com vistas a abraçar a candidatura nacional do PT.
E O PSDB como vai ficar? Vai concentrar a campanha em nomes para a proporcional, apenas compondo uma aliança majoritária? A conferir!