A cada instante surgem novas e aterradoras informações sobre o escândalo dos respiradores. Agora já existem escândalos dentro do escândalo. Em plena pandemia, com a economia ladeira abaixo, com o nosso modo de vida em xeque, e algumas figuras conseguiram se superar na contramão de tudo e de todos.
Por exemplo. É de extrema gravidade o fato, agora público, de que a tal Veigamed não dispor de certidão para fazer a importação dos materiais contratados pelo governo do Estado.
O material detalhado na proposta só pode chegar ao Brasil por intermédio de uma empresa de São Carlos, no interior de São Paulo. Essa companhia tem exclusividade para o Brasil neste tipo de equipamento médico.
Advertência
Para piorar, a Secretaria de Saúde foi advertida deste quadro. E mesmo assim fechou com a Veigamed, escancarando que foi algo premeditado. Queriam porque queriam a empresa de fechada, de fundo de quintal da baixada Fluminense.
Propinoduto recheado
A Polícia já mostrou que as propinas e comissões somam 100% do valor real dos respiradores. Foram pagos R$ 33 milhões, mas o custo verdadeiro é de R$ 16,5 milhões. Uma verdadeira farra em meio ao caos.
Fator local
Outro componente que arrepia. Antes do fechamento do escandaloso negócio com a Veigamed, empresas de Santa Catarina haviam sinalizado que poderiam entregar o pedido em meados de maio.
Calendário
Já estamos neste período do ano e o estado não recebeu um equipamentos sequer. Mandaram 50 respiradores da China. Só que foram devidamente apreendidos e não poderão ser usados a menos que a empresa paulista autorize. Ou então que o material chegue à Receita Federal e acabe como doação ao governo. Bizarro, letal, infame. Pra dizer o mínimo.
Só que ainda tem mais. Os 50 equipamentos que vieram e estão de posse da Polícia, ao que tudo indica, não são para uso em UTI’s e sim para utilização em ambulâncias.
Sob pressão
Diante de tudo isso, só há uma conclusão possível: ou o ex-secretário Helton Zeferino foi relapso, o que não parece o caso, ou foi muito pressionado. Por Douglas Borba ou ainda por alguém mais acima. Bárbaro, absurdo, inominável.
Cara de paisagem
Pra fechar, o que o colunista considera ainda mais grave ante tudo isso: a inoperância da Justiça. É abundante, é farta a lista de evidências de superfaturamento, má-fé e dolo neste escândalo.
Peixes graúdos
Como tem peixe grande na rede, tubarão na enseada, o Judiciário está fazendo cara de paisagem. Se fosse uma negociata dessas protagonizada por bagrinhos, já haveria gente presa há muito tempo.
Atrás das grades
Há provas cabais que já deveriam ter levado algumas figuras para trás das grades neste momento. Sobretudo porque provas podem estar sendo destruídas, obstruindo o trabalho investigativo e o da própria Justiça.
Lugar certo
deputado Ivan Naatz , líder da oposição da bancada do PL na Alesc, além de proponente e relator da CPI dos Respiradores e, ainda, autor de um dos pedidos de impeachment do governador Carlos Moisés por crime de responsabilidade, viu com reservas as recentes declarações do novo chefe da Casa Civil do Estado, Amandio João da Silva Junior, que , ao visitar o parlamento, defendeu que o governo precisa de uma “virada de página” e que não pode ficar “abraçado com o problema”, em referência à crise política gerada pela polêmica compra dos respiradores que provocou a saída de seu antecessor na função, Douglas Borba.