A dramática situação do abastecimento do milho em Santa Catarina, um dos principais assuntos debatidos pela Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa nos últimos anos, foi destaque na imprensa estadual e no parlamento catarinense nesta quinta-feira, 26.
Na tribuna, o presidente da comissão, deputado Natalino Lázare, apresentou aos parlamentares as páginas 6 e 7 do Diário Catarinense que mostram como a escassez do milho no mercado provoca aumento de preços e custos mais elevados para os produtores de aves e suínos fazendo com que muitos desses trabalhadores desistam de produzir em Santa Catarina.
“A questão do milho é um dos grandes gargalos da economia catarinense. Produzimos cerca de 3 milhões de toneladas e consumimos o dobro deste total. Nós não temos infraestrutura de armazenagem e isso faz com que o produtor venda o grão a preço de mercado e, geralmente na safra, esse valor é sempre baixo. Infelizmente não temos muitas alternativas, somos muito dependentes do milho que vem de fora do Estado, de locais como Mato Grosso, Argentina e até mesmo Estados Unidos”, ressalta o deputado Natalino.
O parlamentar destaca ainda que foram realizadas diversas audiências, tanto no Estado quanto no Ministério da Agricultura, para que o Governo Federal se sensibilize e traga para Santa Catarina o milho do Centro-Oeste brasileiro, onde o grão é mais barato e abundante.
“Este cenário é absurdo. Enquanto os produtores catarinenses sofrem pela escassez, o Brasil exporta para os EUA. Parece uma brincadeira, o mesmo navio que leva o milho pra lá, é o que voltará carregado 15 dias depois devido à falta do grão aqui. Ao invés de estimular a geração de emprego e renda no Brasil, estamos promovendo isso em outros países, devido a falta de logística e planejamento por parte do governo federal”, aponta Natalino.
PREÇO DO MILHO
Os dados apresentados na reportagem mostram que enquanto os suinocultores e avicultores passam por momentos complicados, a situação é mais favorável para quem decidiu cultivar o milho ou tem o produto armazenado. A convergência dos fatores fez o preço do grão subir acima do esperado. Em abril de 2017 o preço da saca de 60 quilos estava R$ 31,50 e em abril deste ano o valor chegou a R$ 43,00, deixando a situação economicamente inviável para os produtores de suínos e frango.
ALTERNATIVAS
O deputado Natalino Lázare explica que Santa Catarina tem empecilhos por parte do Governo Federal que impossibilitam a logística em Dionísio Cerqueira e até mesmo no município de Paraíso, no Extremo-Oeste.
Outra alternativa, de acordo com o parlamentar, é aumentar a produção do milho no Estado, investido em tecnologia de ponta, ou seja, produzir mais com a mesma área que já temos, e outra opção é conquistar mais área plantada, que há disponibilidade, porém depende dos índices de mercado. O deputado completa ainda que a armazenagem é imprescindível para reter o milho produzido em Santa Catarina e também trazer o grão de fora quando o preço estiver mais barato para estocá-lo aqui para se ter uma garantia.