Esperidião e Eduardo
A imagem que o colunista viu neste fim de semana, resultado de um encontro realizado semana passada, em Brasília, foi a mais impactante dos últimos tempos.
Eduardo Moreira no gabinete de Esperidião Amin em Brasília. A explicação para o encontro: Moreira solicitou, em 2022, o empenho do senador para que a Comissão de Assuntos Econômicos, a CAE, e o próprio plenário do Senado, aprovassem a contratação de R$ 2 bilhões junto ao BID e a outras agências de fomento internacional.
O senador catarinense, se não for o melhor, está entre os três mais competentes da Câmara Alta. Amin fez todo o esforço para que este pleito fosse atendido, o que acabou ocorrendo.
Ele demonstrou espírito público ao ter se empenhado diante da solicitação não de um adversário político, mas sim um inimigo pessoal.
Moreira também demonstrou o mesmo espírito e civilidade.
O emedebista, aliás, não foi confirmado no BRDE, onde ainda ocupa a diretoria financeira. O governador Jorginho Mello já indicou o ex-prefeito e ex-deputado João Paulo Kleinübing para o cargo.
Nos tribunais
A imagem é muito impactante porque Amin e Moreira não têm apenas um contencioso político-partidário. A briga é jurídica também.
Memória
Em 1994, Angela Amin, esposa do senador do PP, foi candidata a governadora e ele a presidente da República.
Margem
Ela chegou ao segundo turno com 260 mil votos de frente. Mas perdeu o round final para Paulo Afonso Vieira, correligionário de Moreira, por 40 mil sufrágios, numa inversão de 300 mil votos em 21 dias.
Contabilidade
Ou seja, o emedebista virou 100 mil votos por semana naquele segundo turno eleitoral.
Em meio a essa disputa, Amin acabou, uma vez derrotado na disputa presidencial, atuando mais na campanha da esposa em Santa Catarina.
Derrapada histórica
Um dos episódios marcantes da virada de Paulo Afonso foi a declaração de Esperidião Amin, infeliz, sobre o falecido José Augusto Hülse, de Criciúma, engenheiro e ex-vice-governador.
Virada
Na maior cidade do Sul, Angela Amin havia vencido no primeiro turno. No segundo round, a proporção a favor de Paulo Afonso foi de dois para um. Somente em Criciúma, o emedebista abriu 32 mil votos. Lembrando que a diferença total no Estado foi de 40 mil votos.
Troco
Eduardo Moreira atacou fortemente Amin pela declaração contra Hülse e a partir dali os dois começaram a se digladiar, rivalidade que acabou nos tribunais.
Engasgado
Em 2002, Esperidião Amin tentou e perdeu a reeleição contra Luiz Henrique da Silveira. No dia da transmissão do cargo, no acanhado auditório do antigo palácio do governo, na Praça dos Três Poderes, Amin só cumprimentou Luiz Henrique. Esquivou-se de dirigir-se a Moreira, eleito vice-governador, e sequer citou o emedebista na cerimônia daquele dia. Deixando claro o tamanho da bronca contra Moreira. O que foi um erro do progressista.
Republicano
A imagem que motivou esta coluna também mostra um Eduardo Moreira descontraído, à vontade, enquanto Amin, que é extremamente carismático, mostrou-se retraído. Esta foi mais uma demonstração de que em política tudo é possível.