Depois de uma longa temporada, de cerca de dois anos, o articulista voltou a se encontrar, ocasionalmente, em um bistrô da Capital, com Geslon Merisio. O ex-deputado foi o adversário de Moisés da Silva no segundo turno de 2018. Ele chegou à frente do Bombeiro da reserva no primeiro turno daquele pleito. No segundo, foi atropelado pela onda Bolsonaro. Merisio só não conseguiu a proeza de Geraldo Alckmin.
Em 2006, quando o ex-tucano e agora neossocialista Alckmin enfrentou Lula da Silva, ele auferiu menos votos no segundo round do que no primeiro. Deu marca à ré, um “feito” histórico do agora vice do ex-presidiário. Gelson Merisio conseguiu fazer 10 mil votos a mais no round decisivo do pleito estadual de 2018.
O colunista também se encontrou recentemente com um velho amigo que fez precisa definição. Merisio integra a “nova esquerda”.
Para explicar o recente cavalo de pau dado por ele, que saiu do PSD, passou como um foguete pelo PSDB e foi parar no canhotíssimo Solidariedade (foto – Merisio (d) assina ficha no partido com a bênção do presidente estadual, Osvaldo Mafra), que faz parte da frente esquerdista em Santa Catarina, Merisio deu dados interessantes.
Vale lembrar que até então, Merisio nunca havia passado por partido ou militância de identificação esquerdista.
Contingente
Segundo o ex-deputado, do primeiro para o segundo turno das eleições de 2018, cerca de 400 mil eleitores migraram do 55 para o 17 de Moisés da Silva. É contingente significativo. Qual teria sido a motivação de todo esse eleitorado para virar o voto no turno final da campanha?
Teria sido o fato de Merisio ter declarado voto em Jair Bolsonaro ainda no round a razão dessa realidade?
Carimbo
No segundo turno ficou mais claro ainda que o correligionário de Bolsonaro, suposto proprietário dos votos do presidente, e que tinha o mesmo número do partido, o 17 do PSL, era o atual governador.
Saldinho
Na análise de Merisio, contudo, ele conquistou mais 410 mil votos mais à esquerda naquele pleito. Daí o saldo positivo de 10 mil votos de um turno para o outro.
Canhoteiro
Para partir daí e alojar-se numa sigla de esquerda foi um salto, literalmente. Muito provavelmente, foram eleitores que votaram em Décio Lima e outros canhotos naquele já distante outubro e que acabaram descarregando os votos em Merisio no turno fatal das eleições.
Formulador
É uma análise que não pode ser desprezada. Sobretudo porque Merisio formula muito bem politicamente. Nunca foi alguém com carisma, empatia, e isso ficou evidente a bordo do recall que ele tem hoje, que é praticamente nulo em relação a 2018, algo nunca antes visto pelo articulista em mais de 40 anos de atividade.
Votação espelhada
Para finalizar, Merisio afirma que venceu em apenas 36 municípios no segundo round do pleito passado. Justamente nas cidades onde Fernando Haddad conseguiu suplantar Jair Bolsonaro no território catarinense.
O que o leva a crer que já em 2018 ele começou a criar uma certa identificação com o eleitorado canhoto em Santa Catarina.
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