O economista e ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros (E) afirmou que o Brasil está vivendo o fim de um ciclo político e econômico, do qual pode emergir uma grande mudança na sociedade, com o Estado deixando de ser o grande indutor da economia. “Nesse processo de mudança no jogo político aparecerão boas lideranças, com o setor privado sendo a força maior na economia. Para que isso aconteça, é necessário um ciclo de reformas até mais abrangentes do que aquelas realizadas no governo FHC.
REFORMAR AS INSTITUIÇÕES
O Fernando Henrique reformou o Estado. Agora temos que reformar as instituições que regulam o setor privado”, disse ele em palestra na Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense. O evento, promovido pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), começou na quarta-feira (20) e segue até esta sexta-feira (22), em Florianópolis.
Para o economista, esse ciclo vai ficar muito claro nas eleições para prefeito no ano que vem, especialmente porque neste período deve ocorrer um pico de desemprego. “É nesse momento que outros partidos vão ter que entrar com uma agenda de futuro. É uma agenda muito mais difícil do que encontrou FHC, mas é factível porque a sociedade mudou” concluiu ele.
Outro palestrante, o professor e cientista político Carlos Melo (D) destacou que o aumento de renda da população se fez pela via da transferência de renda e não pela produtividade. “O grande desafio do Brasil é aumentar a produtividade. Da forma como está, vai mal”, disse. Em sua apresentação, Melo falou dos avanços pelos quais a sociedade passou nos últimos anos, especialmente do ponto de vista tecnológico, mas sob a ótica política faltam novas lideranças. Para ele, o presidencialismo de coalizão está esgotado. “A solução é o ajuste fiscal ser intensivo, profundo e rápido para voltarmos a crescer no ano que vem”, afirmou, destacando que o País passa por uma crise econômica, política e de credibilidade ao mesmo tempo. O debate foi mediado pelo jornalista Cláudio Prisco Paraíso (C).
“Vivemos um momento de grande desencontro. Mas as crises têm um fator positivo. Se é verdade que em um curto prazo a cidadania, a população, os agentes econômicos e os industriais sofrem, é verdade também que a crise força que tudo se organize, se ajeite”, afirmou Melo, salientando que isso não vai ocorrer de uma hora para outra no Brasil. “Vamos ter alguns meses de uma crise bastante chata, dolorida para muitas pessoas, mas, no longo prazo, é possível que a gente consiga se reestruturar e reorganizar o nosso sistema político”, disse.
Em relação à indústria, o cientista político disse que, ao invés de aceitar que o governo venha com remendos e medidas pontuais, é preciso discutir estruturalmente o Brasil.
A Jornada é uma realização da FIESC em parceria com o SEBRAE/SC. Tem o patrocínio dos departamentos nacional e estadual do SESI e do SENAI, PREVISC, Optitel e CREDIFIESC, além de apoio do BRDE. A Associação Catarinense de Imprensa (ACI) é apoiadora institucional.
Foto: Fiesc, divulgação