Coluna do dia

Estancando a sangria

Não bastasse a atuação conjunta dos eleitos de todos os principais partidos envolvidos até o pescoço em esquemaços de corrupção; não bastasse a mão amiga do STF; não bastasse a atuação enviesada de procuradores e policiais (que investigam uns e ajudam a safar outros, vide o histórico de Rodrigo Janot, que é só o caso mais notório); e se não bastasse a manipulação de setores da mídia, os próximos dias reservam mais artilharia pesada para cima da Lava Jato.

Em Brasília, os criminosos já deixaram claro que estão todos a favor. De estancar a sangria, como recomendou o notório Romero Jucá ainda em 2016. Isso envolve todos, importante repetir. De PSDB ao PT, passando pelo PMDB, PP e os demais. A liberação de Aécio Neves foi mais um episódio. Mas alguém vê um líder tucano, por exemplo, pedindo a prisão, que já deveria ter acontecido há muito tempo, de Lula da Silva? Não. Porque estão todos na mesma direção.

Em seguida, os próximos capítulos e “O fim da sangria”, que serão transmitidos em vários horários e canais trarão a aprovação do projeto que criminaliza o chamado abuso de autoridade. Manobra clara para intimidar investigadores, que pensam 1 milhão de vezes antes de pisar no calo de suas “Excelências”; a fragilização, ou golpe, na lei da delação premiada, a grande responsável por vermos figuras como Marcelo Odebrecht e Sérgio Cabral ainda atrás das grades; e a mudança, brusca e inexplicável, do STF no que tange à prisão de condenados em segundo grau (esta para favorecer diretamente o ex-metalúrgico).

 

Oportunismo

Os nobres ministros do Supremo devem rever entendimento já firmado (acerca das prisões depois de condenação em segundo grau) e estabelecer que só podem parar no xilindró os condenados depois que se esgotarem todos, absolutamente todos, os recursos. O que equivale dizer que a grande maioria dos ladrões jamais irá ver o sol nascer quadrado. A Lava Jato está prestes a transformar-se, de esperança em apenas um suspiro. Ou um espasmo fora da curva na história deste país.

 

Divisões

Característica marcante nos principais partidos catarinenses nesta fim de ano pré-eleitoral: divisões internas. No PSDB, enquanto Marcos Vieira e Dalirio Beber olham numa direção (aliança com o PMDB), Paulo Bauer avalia todos os cenários, mas não descarta chapa pura (com ele na cabeça), e Napoleão Bernardes não descarta alianças, mas posiciona-se como opção para a majoritária.

 

Divisões 2

No PMDB, o discurso de unidade vale para a militância e o público externo. Dário Berger diz que apóia Mauro Mariani, mas sempre na perspectiva dele próprio se viabilizar como cabeça de chapa. Sem esquecer de Udo Döhler, que observa a uma certa distância e pode ser peça-chave no processo a depender de quem sobreviverá daqui até o fim de março do ano que vem. Outro que terá papel relevante, e ainda examina várias opções (como assumir ou não o governo, disputar a reeleição no comando do Estado ou o Senado), é Eduardo Pinho Moreira.

 

Divisões 3

No PSD, o quadro não é diferente. Gelson Merisio controla o partido, vem construindo alianças importantes, mas não fala a mesma língua de Raimundo Colombo. Os deputados federais João Rodrigues e João Paulo Kleinübing, assim como o próprio Milton Hobus (estadual), também trabalham com cenários extras além do projeto de Merisio.

 

Divisões 4

Por fim, o PP está no dilema. Tem candidato com viabilidade eleitoral conhecida e que não pode, em hipótese, ser desconsiderada. Mas, essa ala do partido, embora tenha força na base, é minoritária na Executiva, que já assinou moção de compromisso em apoiar o PSD de Merisio.  No começo de abril, vencido o prazo para a renúncia de prefeitos que desejam estar na majoritária estadual, os “sobreviventes” vão trabalhar em um cenário mais diáfano.

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