O recente passamento do ex-prefeito de Chapecó Sadi José de Marco e a proximidade da EFAPI 2017 (Exposição-feira Agropecuária, Industrial e Comercial) motivaram uma reflexão. O jovem advogado De Marco foi eleito prefeito aos 26 anos em 1965. Em 1967, ano do cinqüentenário do Município, ele fundou a SAC Sociedade Amigos de Chapecó em uma das maiores e mais eficientes articulações da sociedade civil para a discussão e busca de soluções para questões de interesse coletivo.
Ele inspirou a criação da EFAPI para assinalar e festejar o 50º aniversário de Chapecó e sua primeira edição, em 1967, serviu exatamente a esse propósito. Por muitos anos, coube a SAC a organização e promoção da EFAPI. O Brasil, porém, vivia anos de chumbo e em 29 de abril de 1969 o jovem gestor público, filiado ao PTB, foi cassado pelo Regime Militar num processo kafkiano: não houve acusação, nem processo. Apenas a espada do Ato Institucional número 5 (o famoso AI-5) decepou seus direitos políticos.
A SAC e a EFAPI são criações de Sadi José de Marco.
Faço agora um recorte histórico. Em 21 de abril de 1985 morre o político mineiro Tancredo Neves, último presidente eleito de forma indireta e que jamais assumiu o cargo. No bojo da comoção que a morte de Tancredo envolveu a Nação, o prefeito da época Ledônio Migliorini sancionou lei nomeando o Parque da Efapi como Parque de Exposições Tancredo Neves. Na época, uma decisão compreensível.
Hodiernamente, sob uma perspectiva histórica, percebemos que talvez tenha ocorrido uma precipitação do administrador. Tancredo não conhecia Chapecó, nunca esteve aqui, não tinha relações profundas com a comunidade, não participou de nossa vida política ou econômica.
Onde quero chegar? Sem negar jamais o respeito e o reconhecimento que Tancredo merece como liderança nacional cujo papel na redemocratização do País foi essencial, quero propor a mudança do nome do Parque de Exposições Tancredo de Almeida Neves para Parque de Exposições Sadi José de Marco. Sadi de Marco foi o pai da Efapi e essa homenagem faria um imenso sentido. Tancredo, por outro lado, já é objeto de homenagem, emprestando o nome a um educandário no bairro Efapi e a uma via pública no bairro Universitário.
A historiografia oficial de Chapecó precisa recuperar e ressignificar o papel do prefeito cassado e recentemente falecido.
Marcos A. Bedin, Jornalista, diretor da MB Comunicação e diretor regional da Associação Catarinense de Imprensa (ACI)
