O setor agrícola é um dos mais afetados durante a mobilização
A diretoria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc) se reuniu, na manhã desta quarta-feira (30), para avaliar os impactos da paralisação na agricultura de Santa Catarina. Desde o início da mobilização, a Fetaesc apoiou os caminhoneiros por entender e considerar justa a reivindicação contra o aumento do preço dos combustíveis, mas a greve está afetando toda a população brasileira e chegou ao limite.
O setor primário, responsável pela criação de animais e produção de alimentos, que chegam às mesas dos brasileiros todos os dias, tem sofrido grandes impactos e chegou ao extremo no Estado Catarinense.
Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) aponta que a Agroindústria e agricultores integrados são os mais afetados durante a mobilização dos caminhoneiros, totalizando 36,84% das empresas com atividades paralisadas.
Em Santa Catarina, cerca de 5 milhões de litros de leite estão sendo jogados fora todos os dias e milhares de animais estão passando por dificuldades, correndo risco de serem sacrificados.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal, mais de 1 milhão de aves estão perecendo por dia. Os frigoríficos estão parados, as indústrias estão com mais de 300 mil colaboradores parados, que querem voltar a trabalhar e produzir alimentos. Caso contrário, vai faltar comida.
Os alimentos já estão começando na faltar nas prateleiras dos supermercados e o preço das frutas e verduras está dobrando por conta da oferta menor e demanda maior. Um saco de batata, por exemplo, custava em média R$ 60 e, esta semana, está sendo comercializado por R$ 400.
Para a diretoria da Federação, a situação fora de controle é reflexo do descaso da administração do Estado de Santa Catarina e do Brasil, que tem um Governo inoperante e que foi incapaz de negociar com os grevistas de forma que os brasileiros não pagassem a conta. O direito de ir e vir de muitas pessoas está sendo restringido e o povo protesta para que haja ordem no país, que é uma das funções do Governo Federal.
De acordo com a pauta inicial da greve, as reivindicações do movimento já foram atendidas e é hora de voltar ao trabalho. Muitas pessoas estão se aproveitando do momento delicado em que o país vive para tirar proveito da situação. Os valores exagerados são exemplos do oportunismo, o que não beneficia e não traz lucro para os agricultores.
Durante a reunião foi questionado quem pagaria essa conta e, após consenso, ficou compreendido que a conta será paga por quem produz e quem consome. Os consumidores já estão pagando, no mínimo, 35% a mais do que o normal e a tendência é só aumentar.
Paralisação
A greve dos caminhoneiros chegou ao 10º dia e a categoria reivindicava a isenção de impostos para o diesel, implantação de uma política de redução dos impostos sobre os combustíveis e também o controle do aumento.
Na tarde da última terça-feira (29), quando o Governo do Estado convocou todos os representantes dos setores da agricultura, comércio e indústria de Santa Catarina para discutir os impactos e encaminhamentos, o presidente Walter Dresch e o vice-presidente Adriano da Cunha levaram ao governador Eduardo Pinho Moreira o sentimento do setor produtivo.
A Fetaesc apoiou a mobilização desde o início por entender que a política do setor petroleiro é totalmente equivocada e que precisa ser reavaliada. O aumento abusivo no preço do diesel não é o único problema no Brasil. Há diversos problemas que precisam ser discutidos em outro momento para a construção novas políticas. É um momento de fragilidade e as categorias devem se organizar para dialogar as demais pautas depois que a situação voltar ao normal.
2018 é um ano eleitoral e a sociedade brasileira tem o dever de acompanhar e cobrar os compromissos assumidos durante as campanhas eleitorais dos representantes para que novas políticas públicas sejam implantadas.
Confira os impactos na agricultura de SC:
• Aumento abusivo no preço dos alimentos
• Falta de produtos em estabelecimentos comerciais
• Desperdício de produção
• Perda de animais
• Risco de sanidade animal
• Falta de alimentos para animais
• Queda na receita dos agricultores
• 350 milhões de prejuízos para a agroindústria catarinense