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Manchete

Fim da polarização em SC

Santa Catarina se habituou a fazer política em torno da Arena e do MDB. Era a realidade durante o Regime Militar, onde imperava o bipartidarismo. Processo que durou até 2014. Estamos falando de mais de meio século de história política.
Depois, em 1979, chegou o pluripartidarismo, um dos símbolos do processo de redemocratização.
Da Arena, surgiu o PSD. O MDB virou o PMDB. Havia a exigência de que houvesse um P, de Partido, à frente das siglas.
Outras legendas foram sendo criadas. No pleito indireto, com a votação sob a responsabilidade do Congresso Nacional, de 1985, Tancredo Neves, do PMDB, que havia passado pelo PP (Partido Popular) e voltou ao Manda Brasa, também canalizou o apoio do PFL (Partido da Frente Liberal). Esta nova sigla nasceu de uma defecção do PDS.
O mineiro bateu Paulo Maluf por larga margem. Não tomou posse por uma destas curvas da história. José Sarney, eleito vice-presidente pelo colégio eleitoral, acabou empossado. Teria um mandato de quatro anos, mas o maranhense articulou a extensão de mais um ano em seu período, proposta aprovada por deputados e senadores.

Embate

Com o restabelecimento das eleições diretas para governador, em 1982, sempre tivemos o enfrentamento entre o PDS e o MDB. Até 2018.

Mano a mano

Foi assim entre Esperidião Amin e Jaison Barreto, com o resultado sendo favorável ao primeiro. Isso lá em 82. Em 1986, houve uma tri-polarização com o surgimento de Vilson Kleinübing pelo PFL. O candidato do PSD e de Amin, Amílcar Gazaniga, ficou em terceiro. Pedro Ivo Campos, do MDB, venceu o pleito. Ainda não havia o instituto da eleição em dois turnos.

Kleinübing contra Paulo Afonso

Chegamos a 1990 com a vitória de Kleinübing. O pefelista derrotou Paulo Afonso Vieira, do MDB. Quatro anos depois, o emedebista bateu Angela Amin, do PPB (uma das siglas que se originou do antigo PDS).

Segundo round

Naquele 1994 já se registrou a eleição em dois turnos. Em 1998, primeiro ano em que o governador poderia concorrer à eleição, Paulo Afonso perdeu para o marido de Angela, Esperidião, que voltou para seu segundo mandato à frente do Executivo estadual.

Surpresa

Em 2002, Amin concorreu à reeleição, que era dada como quase certa. Mas foi derrotado pelo peemedebista Luiz Henrique da Silveira, que se reelegeu em 2006 também batendo Amin.

Dois lados

Em 2002, Esperidião era o candidato à frente da máquina. Foi derrotado. Quatro anos depois, ele era a oposição. E perdeu novamente para um LHS que havia renunciado ao mandato, abrindo espaço para Eduardo Moreira cumprir mandato-tampão em 2006. Luiz Henrique concorreu sem a caneta nas mãos, situação que ele havia criticado pelo fato de Amin permanecer no cargo em 2002.

Duas vezes

Raimundo Colombo, apoiado por LHS, derrotou Angela Amin e também Ideli Salvatti, do PT, que era senadora. Isso em 2010. Em 2014, Colombo venceu Paulo Bauer. O lageano elegeu-se e se reelegeu no primeiro turno, em ambos os pleitos.

De fora

Quatro anos mais tarde, o MDB, pela primeira vez ficou fora do segundo turno diante do advento do Bolsonarismo. Gelson Merisio (PSD – nascido do PFL) foi derrotado pelo desconhecido Moisés da Silva.

Repeteco

No ano passado, o fenômeno de 2018 levou o troco por ter traído e abandonado Jair Bolsonaro. Jorginho Mello, o candidato do ex-presidente, venceu Décio Lima, do PT, no segundo round do pleito estadual.

Já era

A bipolarização entre Arena e seus sucedâneos e o MDB, portanto, se encerrou em 2018. As duas correntes partidárias, registre-se, estão em estágio avançado de extinção.

Ver navios

No ano passado, o clã Amin foi derrotado. Esperidião não chegou ao segundo turno na tentativa de um terceiro mandato de governador. Sua mulher não renovou o mandato de federal e seu filho, João, também não conseguiu a reeleição a deputado estadual.

Carreira longa

Esperidião tem mais quatro anos no Senado. Concluindo este período ele terá quase 80 anos. Nas mãos de quem ficará o PP? O nome natural seria o do prefeito reeleito de Tubarão, Joares Ponticelli. Ocorre que ele está no xilindró, por obra e efeito da Operação Mensageiro.

Reinventar-se é preciso

E o MDB? A exemplo de 2018, o partido novamente não carimbou passaporte para o turno final do pleito de 2022, quando indicou o vice e o candidato ao Senado na chapa de Moises da Silva. Qual será o futuro do MDB? É uma grande incógnita.

Novo tempo

Trocando em miúdos: o estado vive uma nova configuração partidária. O PT ainda dá o ar de sua graça. Mas sem grandes perspectivas, considerando-se que o eleitorado catarinense é majoritariamente conservador.

Força

Há o PL, que em 2022 foi o PSL de 2018, vinculado ao bolsonarismo. Quem mais? O PSD? Cambaleante, patinando. Basicamente, temos o partido de Bolsonaro e um PT muito enfraquecido.

Fim da linha

Acabou-se, até segunda ordem, a polarização. Temos o partido ligado ao bolsonarismo e os demais tentando sobreviver a qualquer custo. As décadas históricas de polarização entre a Arena e o MDB chegou ao fim. É história. Novas páginas já começaram a serem escritas no estado.

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