Fim de um ciclo
Acabou a era do PT no governo federal. Após emblemáticos 13 anos. Marcados por alguns avanços no embalo de um cenário amplamente favorável no contexto mundial, mas sobretudo por mega escândalos de corrupção. Aliados ao populismo barato, fisiologismo, clientelismo e por aí afora. Os programas sociais favoreceram camadas mais pobres da população, mas tudo foi feito de maneira muito corporativa. Simplesmente havia o repasse dos recursos. Não se criaram as condições necessárias para as pessoas realmente mudarem de vida. Acabou-se criando um ciclo de dependência que mais se assemelha a um bolsa-voto, no melhor estilo toma-lá-dá-cá.
Nestes 13 anos, a esquerda brasileira, conforme definição do senador e ex-esquerdista Cristóvão Buarque, que foi ministro de Lula da Silva, escancarou seu desapego pela democracia. PT, PCdoB e aliados sempre morreram de amores por ditaduras como Cuba e Venezuela, países onde milhões e milhões do dinheiro dos contribuintes brasileiros foram aplicados, enquanto o país carece de infraestrutura básica. Os erros foram muitos. E todos estão aí, penalizando a população. O novo momento enseja muita cautela, porém firmeza e sabedoria para que se inicie um novo ciclo. Desta vez de luz e não de trevas.
Medidas
A questão fiscal deve ser a prioridade nestes primeiros momento de Temer. O remédio será amargo, mas necessário. O peemedebista também precisa avançar sobre a reforma da previdência, a tributária e a política, mas evidentemente não terá tempo para fazer todas elas. Urge passar confiança ao mercado para que a economia comece a dar os primeiros passos em direção à recuperação.
Frentão
Além da previdência e do aperfeiçoamento dos programas sociais, Michel Temer precisa domar a inflação galopante, tirar as contas do abismo, mudar as relações do setor público federal com as empresas privadas e voltar a fazer obras ou dar continuidade a elas país afora.
Mordomias
Mesmo afastada por até 180 dias, a ex-mãe do PAC terá direito a residência oficial, segurança pessoal, assistência à saúde, transporte aéreo e terrestre, remuneração e equipe a serviço do gabinete. Mimos concedidos por Renan Calheiros. Fernando Collor não teve direito a essa benesses.
Camisa 10
Michel Temer não conseguiu montar o ministério de notáveis. Teve que ceder ao velho fisiologismo que grassa a partir do Congresso. Mas não abriu mão de Henirque Meirelles, em quem ele aposta todas as fichas para que a questão econômica comece a mudar de rumo. Credibilidade e experiência não lhe faltam. Em Brasília, já há quem chame o economista de bala de prata. Uma alusão ao famoso único tiro que o presidente interino parece dispor no momento!
Enxugamento
Outra medida que se espera e deve ser implementada rapidamente pelo novo presidente é a redução da paquidérmica e perdulária máquina federal. E não basta apenas fundir ministérios. É preciso cortar cargos comissionados e promover, sim, privatizações estratégicas.
Pátria amada
Na mesma quinta-feira, 12, em que Dilma foi degolada e Temer assumiu a presidência, o tucano Aécio Neves soube da notícia que o STF autorizou abertura de inquérito para investiga-lo. O senador é suspeito de ter se beneficiado de um esquemão de corrupção em Furnas.
Clima
Na quarta-feira, a ex-prefeita Angela Amin (PP), acompanhada do ex-deputado Francisco Assis e do arquiteto Renê Gonçalves, assentou-se em uma mesa estratégica no Restaurante Lindacap, centro da Capital. Havia vários políticos e empresários. Entre eles, o presidente da Eletrosul, Márcio Zimmermann, acompanhado de seu chefe de gabinete, o ex-governador Paulo Afonso Vieira (PMDB). Obviamente que os dois não se cumprimentaram. Em 1994, o peemedebista venceu a progressista na disputa pelo governo do Estado.