Não é de hoje que venho lutando para que o horário de verão acabe de uma vez por todas. Sou autor do projeto de lei nº 397/2007, que acaba com adoção do horário de verão, fundamentado numa série de estudos que comprovam os malefícios desta medida para o ser humano.
Neste ano, pela primeira vez, o governo admitiu que não há economia de energia. Os padrões de consumo da população mudaram e o pico não é mais no final da tarde como afirmavam. Mesmo que os dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) mostrarem que a economia com o horário de verão em 2016/2017 foi de R$ 159,5 milhões de reais, engenheiros eletricistas afirmam que a economia, na ordem de 0,5%, está abaixo da margem de erro. A economia, defendida pelo governo, significa menos de R$ 1 por brasileiro, ou ainda, menos de R$0,008 por dia com o horário de verão vigente.
Além de não existir economia de energia, estudos de médicos cardiologistas e economistas comprovam que os malefícios para a saúde do brasileiro são muito maiores do que a economia que se imaginava ter.
A transição para o horário de verão aumenta o número de admissões hospitalares em até 8% e as despesas com cuidados de saúde em cerca de 18,9% nos estados que alteram os relógios, enquanto nenhum efeito é observado nos estados que não o adotam. Desde que iniciei minha luta para o fim do horário de verão, há 10 anos, cerca de US$ 6 bilhões foram gastos em atendimentos no Sistema Único de Saúde, somente com internações de diabéticos. Outros R$ 25,2 a R$ 62,72 bilhões resultam do custo social das mortes por infarto registradas na mudança de horário em uma década.
Além disso, o Prêmio Nobel de Medicina anunciado recentemente reforça aquilo que pesquisadores já vinham constatando: nosso corpo sofre muito para se adaptar às mudanças que ocorrem devido ao adiantar dos relógios. Os norte-americanos Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young foram laureados por suas descobertas sobre o relógio biológico interno dos seres vivos, conhecido como ritmo circadiano. Esse “relógio” regula funções como o sono, os níveis hormonais e o comportamento das pessoas, e explica fatos como o porquê ficamos mais ativos durante o dia e menos atentos a noite. A desregulação do ritmo circadiano pode resultar em depressão ou no fenômeno conhecido como “jet lag”.
Precisamos considerar a ciência para tomar a decisão de acabar com o horário de verão. Além disso, a opinião da população precisa ser levada em conta. Em recente enquete realizada em minhas redes sociais, mais de 80% dos participantes votaram a favor do fim do horário de verão. Isso mostra que a medida além de não gerar baixa no consumo, também já não tem mais apelo popular imaginado pelo governo. Seguimos na luta para que este seja o último horário de verão, pensando sempre na saúde da população.
Valdir Colatto, Deputado Federal