A cúpula do PMDB catarinense reviu a estratégia de ocupação de cargos no contexto do governo do Estado. Sabe-se que os cardeais do Manda Brasa querem mexer em pelo menos sete posições estratégicas. Todas consideradas de primeiro escalão. A começar pela Secretaria de Infra Estrutura, hoje pilotada por João Carlos Ecker, que a maioria dos peemedebistas identifica como muito mais ligado atualmente ao governador do que ao próprio partido.
Neste caso, a pressão está mantida e vai ser difícil segurar ali o ex-prefeito de São Lourenço do Oeste. O PMDB tem pressa nesta pasta específica. Nas demais, o partido puxou o freio de arrumação. Avaliou-se que o momento, há menos de cinco meses para o pleito municipal, não é adequado. Até porque, a movimentação enseja pressão sobre Raimundo Colombo. E o pessedista vem sinalizando que deseja manter a aliança com o PMDB em 2018. Esta seria a única maneira do próprio Colombo candidatar-se ao Senado, entregando o último ano de gestão ao vice Eduardo Pinho Moreira (PMDB). Passadas as eleições, o PMDB voltará à carga para alterar configuração do primeiro escalão. Sem trégua.
Sem liberdade
Destaque na abertura da quinta Jornada de Inovação de Competitividade da Fiesc, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) reuniu uma verdadeira multidão para sua palestra. O auditório principal da federação ficou pequeno, com o público se acomodando no auditório menor nas adjacências. O parlamentar abordou o tema educação, bandeira que defende ao longo da carreira de professor e político, e que é muito caro ao presidente da Fiesc, Glauco José Côrte.
Candidatura presidencial
Questionado sobre a possibilidade de disputar novamente a presidência (ele foi candidato em 2006 pelo PDT), Buarque recorreu ao bom humor. Disse que se assumisse uma pré-candidatura nem teria sido convidado para a palestra na Fiesc. Falou em tom de brincadeira, mas deixou claro que não quer misturar seu apostolado pela educação com a questão eleitoral.
Histórico
Aliás, Cristovam Buarque foi o primeiro ministro da Educação de Lula da Silva. Assumiu em janeiro de 2003 e foi demitido por telefone em 2004 quando o ex-metalúrgico estava no exterior. Lula da Silva não assimilou a independência e a desenvoltura do professor.
Fortalecer a base
O senador pedetista defende seus posicionamentos com extrema clareza. Para ele, é fundamental dar atenção à educação básica e não priorizar o setor universitário, como fizeram Lula da Silva e Dilma Rousseff. Professor, salienta, tem que ser carreira de Estado. E a democracia, alerta o parlamentar, é indispensável, mas não pode vir acompanhada de hegemonia partidária. A hegemonia, segundo ele, acaba transparecendo aos ocupantes do poder que eles podem tudo. E não podem.
Esquerda autoritária
Cristovam Buarque voltou a falar sobre sua decepção com a esquerda envelhecida. Aos militantes esquerdistas, declarou, falta admitir a liberdade de opinião, o direito privado, o direito à propriedade. Até mesmo a aritmética a esquerda tupiniquim ignorou olimpicamente, desaguando nas pedaladas e no afastamento de Dilma Rousseff. Mesmo com o cenário extremamente adverso, o pedetista mostrou-se otimista e confiante na recuperação do Brasil. Tudo passa pela educação, na visão dele.
Opinião
Cristovam Buarque é dono de excelente perfil. Sem sombra de dúvidas, uma das figuras mais lúcidas do Brasil atualmente. Dentre os 594 congressistas (513 deputados e 81 senadores), ele é seguramente um dos cinco mais preparados.