Fundo do poço
Está prevista para começar nesta quarta-feira, no plenário do Senado, a votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff, por crimes orçamentários. As previsões indicam que amanhã ela será afastada do cargo por até 180 dias.
Para que o afastamento aconteça, basta a maioria simples dos senadores. A oposição divulga que já tem pelo menos 50 apoiadores para encerrar este ciclo vergonhoso de desgoverno e baixaria absoluta na política.
A simples degola de Dilma e, consequentemente de seus ministros, resolve a gravíssima situação? Evidentemente que não, mas é um passo importante para que no futuro tantos erros semelhantes não sejam cometidos. A missão do vice-presidente, Michel Temer, virtual presidente da República, é uma das mais desafiadoras da história.
O colegiado de notáveis com que sonhara já virou pó antes mesmo de o pesadelo acabar. É impossível dar encaminhamento neste sentido com o atual sistema político, onde o Executivo é absolutamente dependente de um Congresso fisiológico e viciado nas piores práticas da politicagem varejista, leia-se: preenchimento de cargos e obtenção de emendas parlamentares.
Histórico
No atual sistema político, após a morte de Tancredo Neves e o governo Sarney, o Brasil elegeu quatro presidentes diferentes: Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula da Silva e Dilma Rousseff. Uma vez concretizada a degola da petista, teremos então um histórico de 50% de presidentes apeados do poder após a redemocratização. Guilhotinados pelo Congresso após retumbante pressão popular.
Urgência urgentíssima
Para a reforma política profunda, séria e que realmente estabeleça parâmetros de convivência saudável entre os poderes da República. Michel Temer já assume refém da apodrecida estrutura atual.
Terra arrasada
A situação de Temer também pode se complicar rapidamente. A Lava Jato agora vai fazer uma devassa no PMDB, podendo tornar réus e decretar prisões de deputados e senadores cotados para ministérios e cargos estratégicos do futuro governo. A figura do próprio vice pode entrar na dança. Michel Temer já foi citado por dois delatores como o padrinho de diretores da Petrobrás.
Nos calcanhares
A condução coercitiva de Guido Mantega, ex-todo poderoso da economia na era PT, significa que a Lava Jato está cada vez mais perto de Lula da Silva, Dilma Rousseff, Aloizio Mercandate e por aí vai. Sérgio Moro só estaria esperando a queda da ex-mãe do PAC para levar o ex-metalúrgico ao xilindró. No que o ex-presidente seria acompanhado de outros petistas “ilustres.”
Queda livre
Pesquisa da Fecomércio na Capital apontou que o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu pelo quarto mês consecutivo. Chegou ao menor nível da série iniciada em 2010. Clima de pessimismo generalizado.
Piada
Ontem, o notório Waldir Maranhão (PP) resolveu revogar a “anulação” do impeachment, olimpicamente ignorada pelo presidente do Senado no dia anterior. O cúmulo do ridículo do absurdo “neste país.”
Em tempo
O Congresso Nacional, infelizmente, é o retrato acabado da população brasileira!
Dúvida
Será que o senador Dário Berger e seu irmão Djalma, ambos ex-prefeitos de São José, vão abraçar a candidatura do neopeemedebista José Natal?