Coluna do dia

Geleia geral na política

Não bastasse a pandemia e todos os seus reflexos nefastos, a política catarinense entrou em parafuso. Está acontecendo de tudo. A vice-governadora Daniela Reinehr veio a público cobrar a demissão do chefe da Casa Civil, o ainda todo poderoso Douglas Borba. Ela declarou estar perplexa com as notícias envolvendo principalmente a área de Saúde e as suspeitas em torno de integrantes do governo.

Pedido semelhante para degolar o titular da Casa Civil foi feito pelo deputado Sargento Lima, do PSL, que também virou presidente da CPI dos Respiradores na Assembleia.

O pedido de afastamento de Borba tem tudo para ser aprovado na próxima terça-feira, a exemplo do que ocorreu com Helton Zeferino, que viu os deputados aprovarem moção semelhante para depois ir à guilhotina.

Isso tudo acontecendo, como diria o poeta, e o próprio Douglas Borba concede duas entrevistas na quarta-feira para falar mais do mesmo. Ou seja, praticamente nada. Não explica nada.

Disneylândia

Neste contexto, o governador segue a vida “normalmente”. Em uma coletiva, dispensou 3 segundos para tratar do assunto Borba, dizendo que ele é que tem que explicar.

Peraí. Algo está muito errado. Ou o governador não está tendo a dimensão da crise em que seu governo se enfiou ou está completamente alienado, fora da realidade e resolveu pagar pra ver.

Risco total

Só que o risco é muito grande e pode custar o mandato de Moisés da Silva. Em favor da própria vice, que não está no governo, não participa de nada, não tem qualquer envolvimento e não poderá ser cassada sob nenhuma hipótese em relação aos erros do governo.

O que não falta na Alesc é pedido de impeachment em desfavor do governador.

Amigo da onça

Então, se Douglas Borba é amigo de Moisés da Silva, ele deveria tomar a iniciativa. Aliás, ele já estava próximo do governador já na campanha. Permanecendo no cargo, Borba sinaliza que não está sendo amigo do chefe do Executivo e que não pensa em Santa Catarina. Se tivesse mesmo um pouco de amizade e respeito, ele pediria para sair, fazendo o que fez o ex-chefe da Casa Civil de Itamar Franco, Henrique Hargreaves.

Sair de cena

Colocado em suspeição, Hargreaves sentou com o então presidente e decidiram pelo seu afastamento. Depois de tudo passado a limpo, Hargreaves voltou à função. Eram velhos amigos e seguiram assim. Caso seja verdadeiro tudo o que Douglas Borba vem dizendo, de que não tem nenhum problema envolvendo seu nome em toda essa situação repugnante, ele que pratique o gesto, deixando o governador à vontade.

Quem não deve…

E aproveite a oportunidade para entregar também seu telefone celular ao Gaeco, abrindo, ainda, os sigilos telefônico, fiscal e bancário aos investigadores. Simples. Depois de tudo resolvido, Douglas Borba voltaria a atuar na Casa Civil normalmente. Agora ele não fez e parece que não vai fazer isso.

Atuação

Paralelamente, o deputado Bruno Souza vem tendo atuação muito forte e rápida. Primeiro, ele conseguiu que fosse bloqueada a conta da tal empresa que foi contratada para entregar 200 ventiladores (que estão em algum lugar, menos em Santa Catarina). Nas contas da Veigamed, a polícia achou pouco menos de R$ 500 mil dos R$ 33 milhões pagos antecipadamente e sem qualquer garantia. Um verdadeiro negócio da China.

Segura os bens

O mesmo Bruno Souza agora conseguiu o sequestro dos bens da empresa e já havia conseguido a indisponibilidade dos bens de Helton Zeferino, o ex-secretário da Saúde. O cerco está se fechando.

60 dias

Na Assembleia, a CPI deve iniciar seus trabalhos a partir do pedido do deputado João Amin. O parlamentar solicitou uma acareação para colocar frente a frente Helton Zeferino, Douglas Borba e a servidora Márcia Pauli. Resumidamente, ela entregou Helton que entregou Borba ao Gaeco.

A CPI tem prazo de 120 dias para apresentar os resultados. O relator, deputado Ivan Naatz, no entanto, já adiantou que os trabalhos devem estar concluídos em dois meses.

Articulação

Se quiser reagir e salvar a pele, Moisés da Silva precisa entrar logo, rapidamente no circuito. Atuando mais firmemente no front administrativo e assumindo a articulação política, algo que ele parece não gostar e seara na qual não tem experiência. Mas essa é a necessidade atual. Seu articulador político tem a cabeça a prêmio entre os deputados. Não tem a menor condição de articular o que quer que seja o senhor Douglas Borba.

Tábua de salvação

Uma alternativa que ainda pode trazer algum alívio a Moisés seria sentar com o MDB. O partido tem nove cadeiras na Alesc que se somariam aos outros 11 de pequenos partidos que ainda estariam ao lado do governador. Há dois dias, o grupo visitou Moisés da Silva. Aí já seriam 20 deputados, metade do plenário da Alesc. Resta saber se o MDB quer papo!

Evidentemente que para atrair os emedebistas, o governador terá que abrir a máquina ao partido. Ou ir além. Sinalizar que não disputará a reeleição, deixando mais espaço ao projeto majoritário do Manda Brasa em 2022.

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