Se a era Raimundo Colombo não estivesse no seu ocaso, seria quase certa a troca do líder do governo na Assembleia Legislativa. O deputado Darci de Matos, nos últimos dias, fez o próprio governador e seu entorno perderem a paciência.
O parlamentar errou a mão na votação do projeto que estadualizou o Porto de São Francisco. O terminal deixou de ser autarquia e virou empresa, possibilitando ao governo administrar a estrutura e também os mais de R$ 100 milhões que estavam no caixa.
Embora líder governista, Darci de Matos não só votou contra os interesses do Centro Administrativo como fez campanha para evitar a aprovação da proposta. Foi a gota d´água no relacionamento entre governo e o líder. Na quarta-feira, 13, o secretário da Casa Civil, Nelson Serpa, soltou dura nota endereçada à Alesc (veja no http://blogdoprisco.com.br/governo-adverte-deputados-da-base-sobre-emendas/ .)
Advertiu os deputados da base de que o Executivo não tem recursos para conceder aumentos salariais aos servidores. Parlamentares apresentaram várias emendas a projetos que mexem em setores específicos do governo, estabelecendo majorações salariais que não estavam previstas no texto original. Segundo Serpa, a orientação governista é pela não apresentação de emendas que onerem o caixa da administração.
O mal-estar na Alesc com a nota de Serpa foi generalizado, mas a leitura política é cristalina: o secretário acabou assumindo o papel de líder do governo no Parlamento, embora faça parte do Poder Executivo, que sente-se órfão de liderança no Legislativo.
Isto posto, fica a reflexão. A base aliada virou uma geleia geral, o líder praticamente chutou o balde, mas mudar a liderança agora seria quase cômico. O governador e seu entorno estão de saída do Centro Administrativo, o ano legislativo está bem no finalzinho e a grande pergunta: se Darci de Matos sair da liderança, quem se apresentaria para a função neste contexto? O quadro tem fortes tons melancólicos no apagar das luzes da era Colombo.
Foto>Vitor Shimomura, Ag. Alesc