Coluna do dia

Governo em xeque

Os diagnósticos recentes que vínhamos alertando sobre o governo de Santa Catarina, de total desarticulação, acabaram se confirmando de maneira contundente para Moisés da Silva.
Talvez por falta de experiência. Mas jamais o governador poderia ter se pronunciado para os catarinenses da forma como fez na terça-feira. Aparecer como ele fez para dizer que não sabia de nada, assim como a esmagadora maioria dos catarinenses, é algo inacreditável. E também inaceitável.
Como assim, não sabe o que ocorreu? O governo está sob sua responsabilidade e se ele não sabe, é algo muito sério. E grave.
Qual deveria ter sido o primeiro e certeiro movimento do governador, ainda na segunda-feira? Afastar o secretário da Saúde e o responsável pela liberação da transferência dos R$ 33 milhões nos quadros da Fazenda. Não estamos falando de demissão ou condenação prévia. E sim de usar o modus operandi do ex-presidente Itamar Franco, já falecido.

Amigos, amigos

Quando surgiu um problema de irregularidade, ele afastou seu velho amigo, Henrique Hargreaves da Casa Civil da Presidência. Depois de tudo apurado, verificou-se que Hargreaves não tinha qualquer envolvimento e ele foi reempossado no cargo.

Constrangedor

Se assim tivesse procedido, Moisés da Silva não seria submetido ao constrangimento de assistir à Asembleia Legislativa aprovar, por unanimidade, o pedido de afastamento do titular da Saúde estadual, Helton Zeferino.

Autoria

Há muitas peguntas  sem respostas. A principal delas: já identificaram quem foi o responsável por essa operação de compra de 200 ventiladores de uma empresa fantasma e com valores superfaturados? Ou o contrato foi assinado e os valores transferidos – uma fortuna de R$ 33 milhões – como que num passe de mágica?

Data vênia

O governador vir a público só para dizer que está mandando a polícia e os órgãos de controle investigar, é muito pouco. Tanto é assim que o Ministério Público já entrou no circuito. E vai investigar.

Origens

Outra pergunta sem resposta: os recursos eram estaduais ou federais. A resposta é que vai definir a instância competente para desencadear os trâmites judiciais.

Tô fora

Será que o governo de Santa Catarina vai conseguir recuperar sua credibilidade? Sim, porque o MPSC, por exemplo, já resolveu tirar o seu representante naquele grupo de acompanhamento das compras sem licitação.

Há?

Uma constatação. E a Controladoria Geral do Estado, criada pelo atual governador, justamente para controlar as ações do governo e evitar práticas irregulares, foi consultada? Tem sido consultada? A partir de agora, o governo vai mudar procedimentos para evitar novos vexames – pra não falar outra coisa – como esse.

Desgaste brutal

O quadro é muito delicado para o governo e o governador, explicações precisam vir rapidamente. Está em xeque também a credibilidade do governador perante a opinião pública. A repercussão é muito negativa estadual e até nacionalmente.
Também por isso, acertadamente, a Alesc resolveu criar uma CPI para investigar o caso. Como as comissões parlamentares de inquérito sempre tem um componente mais político, virá ainda mais desgaste para Moisés da Silva.

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