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Gran Mestri inaugura complexo que é referência na América Latina

O menino que segurava o rabo da vaca para a nona tirar leite foi promovido a maior fabricante de queijos duros da América Latina

Essa história começa no interior do Vale do Itajaí, no município de Rio de Cedros. Com o falecimento precoce do pai, o então menino Acari dividia o tempo entre os estudos e o auxílio aos avós nas atividades do campo, enquanto a mãe trabalhava na cidade. Assim nasceu a paixão pela lida rural. A busca por conhecimento especializado iniciou no Colégio Agrícola de Camboriú, onde se formou técnico agrícola em 1975. Na ocasião foi premiado com a medalha de melhor aluno de Zootecnia.

No ano seguinte passou no concurso da respeitada Associação de Crédito e Assistência Rural do Estado de Santa Catarina (Acaresc), atual Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Depois do treinamento em Florianópolis, foi designado para um estágio no Extremo Oeste catarinense, no município de Itapiranga. Passados 40 dias, a próxima missão foi como extensionista de crédito em São Miguel do Oeste. Dois meses depois, assumiu o escritório municipal da então Acaresc, em Guarujá do Sul, também no Extremo Oeste catarinense.

“Cheguei em Guarujá do Sul determinado a ser número ‘1’. Entrei de corpo, alma, mente e espírito porque tinha tudo a ser feito ali. Na época, não tinha estradas, havia algumas casas de madeira apenas, não tínhamos telefone ou televisão e a energia elétrica era fornecida até às 22h”, lembra o industriário. Juntamente com o prefeito e o padre, Acari Menestrina se tornou uma autoridade do município.

Início de tudo

“As dificuldades eram gigantescas, mas por outro lado tudo era novidade. Implantei a primeira lavoura irrigada na região, o primeiro biodigestor, o primeiro viveiro florestal e a primeira pocilga de alvenaria com piso ripado, por exemplo”, conta Menestrina. Foram oito anos de trabalho com grandes transformações na área rural do Extremo Oeste. Mas o visionário exergava ainda um grande potencial ali: queria transformar a região em uma das maiores bacias leiteiras do Brasil.

“Me chamavam de louco. Mas aproveitei que eu tinha um programa de rádio, chamado Gente do Campo, e comecei a defender o projeto. Os produtores não tinham leite nem mesmo para o consumo da família”, destaca. Em 1982, Menestrina deixou a extensão rural para se dedicar ao projeto que mudaria sua vida. Foram mais de mil reuniões com produtores rurais. “Eu trouxe as primeiras vacas das raças Holandesa e Jersey, fiz a primeira pastagem de inverno com aveia e azevém e trouxe o primeiro aparelho de cerca elétrica”, comenta.

Acari Menestrina – fotos>divulgação

Chegou a hora de empreender

Em 1990 criou a empresa Cedrense, cujo nome homenageava seu município de origem (Rio dos Cedros) e a cidade sede da indústria (São José do Cedro). Diariamente, um milhão de litros de leite eram transformados em mais de 80 produtos, em oito unidades industriais. A fábrica já tinha se tornado uma referência nacional.

Ainda insatisfeito, Menestrina visitou mais de 500 laticínios em 30 países da Oceania, que é modelo de produção de leite no mundo, além de indústrias de lácteos na Europa e Mercosul. A partir do que viu, trouxe toda a tecnologia e tendências do setor. Foi aí que o industriário tomou uma decisão. “Percebi que a tendência era de que as commodities ficariam sob o comando de duas ou três empresas nacionais. Foi aí que resolvi buscar tecnologias italianas para fabricar os queijos mais nobres do mundo, aqui em Santa Catarina. Foi assim que nasceu a Gran Mestri Alimentos que atualmente é referência na produção de queijos duros na América Latina”, relembra.

Hoje a bacia leiteira do Extremo Oeste centraliza mais de três milhões de litros de leite e só não é uma das maiores do Brasil (ocupa o 4º lugar no ranking) como também é uma das que mais cresce no território nacional: de 8 a 10%. A produção de leite é a principal fonte de renda para 805 famílias da região. “Sinto muito orgulho de ser o pai da bacia leiteira do Oeste catarinense porque transformou a região. E a base de tudo foi a extensão rural que me ensinou a ser organizado ao extremo. Ser extensionista rural foi o meu grande diferencial como empresário”, avalia.

Movido a desafios

Menestrina gosta de dizer que, em seu corpo, tem leite nas veias e queijo no coração. Deve ser por isso que gosta tanto de desafios. Foi por isso que, em 2008, organizou uma missão técnica para Nova Zelândia. O grupo foi composto por 15 pessoas do setor público agrícola, empresários do setor lácteo, consultores, professores, pesquisadores e extensionistas de Santa Catarina. O objetivo era conhecer a bovinocultura de leite, ovinocultura (carne, lã e leite) e todas as tecnologias envolvidas nas cadeias produtivas desses setores, principalmente o cultivo de manejo de pastagens.

A bagagem voltou cheia de informações, mas a principal é a necessidade de melhorar a comida para os animais tratando as pastagens como lavouras. Com alimentação de maior qualidade, o resultado só poderia ser a excelência do leite e, consequentemente, do produto final. Foi assim que Menestrina constituiu um pedaço da Nova Zelândia aqui no Brasil.

Ousadia que não para

Sopramonte significa “sobre os morros” e é um povoado de Trento, no Norte da Itália. Foi dessa localidade que vieram os ancestrais da família Menestrina. Sopramonte também é o nome do mais recente empreendimento do industriário. Trata-se de uma área de 200 hectares, na linha Tope da Serra, no município gaúcho de Erval Grande, na divisa com o estado catarinense, destinada à produção de pastagens irrigadas. A intenção é produzir leite com alta qualidade e baixo custo. As sementes foram trazidas da Nova Zelândia.

Na Fazenda Agro Sopramonte também está em desenvolvimento a genética para a produção de leite de ovelha e de búfala para, futuramente, produzir os queijos roquefort e mozzarella de búfala – a fábrica já está pronta para essa produção. Também há área de terra destinada ao cultivo de nozes pecã e de oliveiras com a pretensão de oferecer ao mercado o azeite extravirgem prensado a frio. A fazenda também é responsável pelo reflorestamento que atende as necessidades da Gran Mestri, produção de erva-mate, essências nativas e possui o primeiro viveiro regional de eucalipto.

 

Reconhecimento

Tanta dedicação e empreendedorismo renderam mais de 80 prêmios e menções ao industriário Acari Menestrina, dentre os quais estão citados abaixo:

– Lendas da Indústria (2018 – Fiesc)

– Top de Marketing (2016, 2012, 2007, 2006, 2005 – ADVB/SC)

– Medalha Anita Garibaldi

– Prêmio Fritz Muller

– Medalha Carl Franz Hoepcke

– Comenda de Reconhecimento do governo do Estado pela Formação da Bacia Leiteira do Oeste catarinense.

– Eleito um dos 10 melhores empreendedores do Estado de Santa Catarina, pelo governador Luiz Henrique da Silveira (in memoriam)

NA FIESC

Nesta terça-feira, dia 27, às 15 horas, na FIESC, em Florianópolis, a Gran Mestri Alimentos apresenta o investimento de R$ 28 milhões feito na primeira fábrica brasileira a seguir o passo a passo dos italianos na produção de queijos provolone e gorgonzola. O complexo industrial fica localizado em Guaraciaba, no extremo-oeste, e será inaugurado oficialmente no dia 8 de dezembro. Assim como para os demais produtos da marca, os queijos gorgonzola e provolone são fabricados com leite oriundo de propriedades rurais catarinenses e seguem os mais rigorosos padrões europeus de qualidade. O cuidado inicia na alimentação das vacas, que é baseada em pasto altamente nutritivo, cujas sementes foram trazidas da Nova Zelândia, país referência em produção de leite.

SERVIÇO

O quê: apresentação, na FIESC, do investimento de R$ 28 milhões em nova fábrica da Gran Mestri
Quando: nesta terça-feira (27), às 15 horas
Onde: em Florianópolis (Rodovia Admar Gonzaga, 2.765, bairro Itacorubi)

 

Bibliografia

Com suas ideias e ações, Menestrina conseguiu deixar a Gran Mestri 30 anos à frente da concorrência, principalmente por trazer equipamentos e ingredientes da Itália e seguir a receita original italiana dos queijos mais nobres do mundo, sempre orientando o produtor de leite regional para garantir o padrão de qualidade europeu. A trajetória de sucesso desse visionário foi lembrada em diversas obras literárias, as quais seguem relacionadas:

– Histórias da Indústria: 30 trajetórias empreendedoras que a ajudaram a tonar Santa Catarina uma potência industrial. Fiesc, 2018.

– Fragmentos da extensão rural e pesquisa de Santa Catarina 1956-2016. Org. Léo Teobaldo Kroth e Rose Mary Gerber, 2016.

– Quarentage. Luiz Henrique da Silveira, 2015.

– A Cabeça do Empreendedor. Anacleto Ângelo Ortigara, 2008.

 

Titulações

Para alcançar os objetivos, Menestrina sempre embasou suas ações em planejamentos fundamentados no conhecimento que adquiriu ao longo de sua carreira empresarial. Citaremos alguns desses títulos:

– Technical Tour of New Zealand. Lincoln University, 2008.

– Liderança. Instituto de Pesquisas e Estudos Jurídicos e Administrativos – IPEJA, 1983.

– Relações Humanas. Senac, 1976.

– Extensão Rural. Acaresc, 1976.

– Técnico em Agropecuária. Colégio Agrícola de Camboriú, 1971.

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