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Incentivar em vez de reduzir

Augusto Piazza, auditor do Estado e palestrante

Em algumas semanas de convivência com a pandemia da Covid19, já é possível obter lições. Uma delas é que somente a colaboração mútua poderá diminuir os impactos de tudo isso sobre a nossa saúde física, mental e financeira. Para que o vírus se alastre menos, cada um precisa fazer sua parte e exercitar a empatia.

Observando a cena mundial, fica nítida a falta de colaboração mesmo entre as equipes responsáveis por nos guiar nessa situação. Nem discuto que o valor primordial a ser preservado é a vida. Mas é inegável que a crise na saúde será seguida de outra: a da economia. Nesse aspecto, tenho observado situações incabíveis para o momento, como a diminuição de salários nas iniciativas pública e privada.

O que se precisa agora é o contrário disso: manter a renda de quem faz a economia girar e fomentar uma relação de ganha-ganha. Quem tem renda contrata o prestador de serviço, o entregador, mantém os restaurantes funcionando, paga as mensalidades das escolas. Diminuir salários é quebrar elos de uma corrente que precisa ser fortalecida.

Muito do que está sendo feito para amenizar os reflexos da pandemia depende diretamente de serviços públicos do profissional da saúde, da segurança, mas também do administrativo, responsável por formalizar as leis  que permitem colocar as ações em prática, do auditor, atento para que não haja desvios, até o parlamentar que pressiona a ação do governo. É preciso expertise para lidar com orçamentos e legislações complexos sem provocar outros problemas no futuro. O mesmo ocorre com os profissionais da iniciativa privada, que fornecem as soluções usadas pelos governos no combate ao vírus.

Não é hora de demonizar categorias nem de jogar para a torcida. O foco para obtenção de recursos precisa passar por onde há reserva para situações extraordinárias, como grandes empresas e bancos que têm altíssimos lucros e precisam agora olhar para a população que lhes proporcionou essa situação. Muitos já estão fazendo sua parte, doando milhões que farão muita diferença para quem recebe, mas nem tanto para quem doa. Outro caminho é direcionar os recursos do fundo eleitoral para o combate à pandemia. A situação não tem precedentes e exige ações firmes. Afinal, se não contornarmos o problema, corremos o risco de não termos nem mesmo eleições.

O que definitivamente não se deve fazer é cortar salários ou vagas de emprego. Fazer ou estimular isso em momento de crise é desumano e terá consequências ainda piores no futuro.

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