O Brasil vive um momento de absoluta incerteza e insegurança sob os aspectos econômico, político e institucional. Não apenas porque Lula da Silva encontra-se hospitalizado, na UTI, depois de ter sido submetido a um primeiro procedimento cirúrgico. O segundo ocorreu nessa quinta-feira e também foi bem-sucedido. Claro que é um quadro que inspira cuidados. Trata-se de alguém praticamente octogenário e, considerando-se a localização, o contexto acabou mexendo até mesmo com o ânimo do mercado financeiro.
Mercado que já está agitado e mau-humorado. E não é de hoje. Afinal de contas, há alguns dias o governo apresentou à nação um pacote de cortes, o tal pacote fiscal, que efetivamente frustrou as expectativas, na medida em que os cortes foram muito tímidos.
Algo em torno, segundo o governo, de R$ 70 bilhões em 2025. É muito pouco. Existe, ainda, a desconfiança de que não se chegue a esse valor.
Perfil
Sim, estamos falando de PT no governo. Então, toda e qualquer projeção pode ganhar rapidamente ares de lorota, de conversa mole.
Ah, tá!
Há quem diga que serão quase R$ 400 bilhões até 2030. Suponhamos que seja verdade. Mas, daí, já estamos falando do período de governo do próximo presidente a ser eleito em 2026. Ou reeleito, caso Lula concorra e vença.
Barbas de molho
Não por acaso, o próprio Congresso Nacional ficou com o pé atrás no momento em que Lula da Silva ampliou a isenção do Imposto de Renda para aqueles que percebem até R$ 5 mil. Ficou claro que foi uma jogada política do PT querendo fazer uma média com a classe média.
Distância
O partido, para quem não sabe ou não percebeu, está distante do brasileiro mediano. Praticamente toda a classe média deste país migrou para uma identificação conservadora sob o aspecto eleitoral.
Tunga
Na outra ponta, o governo incluiu a taxação das grandes riquezas. A Câmara já sinalizou que não seguirá por esse caminho. E agora, com o presidente fora de combate momentaneamente, a dificuldade ficou superlativa, porque a articulação dependeria muito do presidente da República.
Palavra
Os deputados que estão desconfiados não querem saber de promessa de ministro de Estado. E outro detalhe: o PT barrou a investidura de Geraldo Alckmin, o vice-presidente. Não vou entrar nem no aspecto legal ou constitucional da manobra, mas, naturalmente, com o presidente hospitalizado, ele teria que assumir a condução do país.
Diferentes
Isso é uma situação mais ou menos óbvia, mas com o PT, não. Ou seja, o próprio Alckmin não pode ser o interlocutor com a Câmara. E a semana que vem é a derradeira. Até porque, nesta semana, nada aconteceu, e depois vêm o Natal e o Ano Novo.
Prazo
Importante frisar que, para valer a partir de 2025, a proposta do governo que está em tramitação na Câmara precisa ser colocada em plenário e votada. Na eventualidade de ser aprovada ainda este ano, valeria para 2025. Mas, hoje, o Planalto não tem os votos necessários para isso.
Alto lá
Arthur Lira já deixou claro às lideranças petistas que, como se encontra o projeto, não será aprovado pela Câmara.