Nos seis primeiros meses do ano, a produção industrial de Santa Catarina registrou queda de 3,8%, comparado ao mesmo período de 2022. Apesar do resultado negativo no semestre, em junho houve expansão de 2,6% em relação a maio. Segundo análise do Observatório FIESC, esse resultado foi o maior crescimento da indústria catarinense na análise mensal em 2023.
A indústria metalúrgica cresceu 9,9%, em junho, com o aumento do fornecimento para o mercado doméstico. “Santa Catarina é um importante fornecedor de produtos como fios de cobre, revestimentos de ferro laminados e de moldes metálicos para São Paulo e para os demais estados da Região Sul. Outro setor que se destaca no mês é o da fabricação de produtos alimentícios, que aumentou 8,1%, após queda em maio, impulsionado, principalmente, pelo aumento das exportações de carne suína, devido ao bom momento dos abates no estado”, afirma o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar.
A indústria automotiva também apresentou dados positivos no mês, com crescimento de 1,1%, incentivado tanto pelo aumento do fornecimento de insumos para a Europa, como pelos incentivos governamentais para a produção local.
No semestre, o destaque é a indústria de produtos de borracha e material plástico, com crescimento de 5,7%. Esse bom desempenho está associado ao aumento do fornecimento nacional de embalagens plásticas para atender a indústria alimentícia. “Ao contrário da média no Brasil, nesse período, os setores de máquinas e equipamentos e equipamentos elétricos também registraram aumento na produção industrial, de 2,7% e 0,7%, respectivamente. Ambos foram incentivados pela expansão das vendas internacionais”, destacou Camila Morais, economista do Observatório FIESC.
Recuo no semestre
De janeiro a junho, a queda do resultado catarinense está associada ao arrefecimento da demanda de alguns produtos catarinenses no cenário doméstico e internacional. No país, o nível elevado das taxas de juros repercutiu na escassez do crédito para as empresas e para os consumidores. Consequentemente, houve redução nos investimentos de bens de capital nas empresas, além de encarecimento do crédito imobiliário para a população.
Com isso, a produção de bens intermediários no estado, caracterizada pelo fornecimento de insumos para outras indústrias, foi penalizada, principalmente pela desaceleração do setor da construção. A indústria de minerais não metálicos, por exemplo, que fabrica materiais utilizados na construção civil, como cimento, concreto, produtos cerâmicos, entre outros, foi afetada e registrou queda de 14,4%, sendo a segunda maior do semestre.
Os setores de madeira e móveis também foram prejudicados no semestre, devido à redução das vendas para os Estados Unidos. A economia norte-americana passa por um arrefecimento do setor imobiliário devido à política ativa de aumento das taxas de juros.