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Indústria investe em eficiência energética de olho na autonomia

Pesquisa realizada pela FIESC revela que quase 80% das empresas catarinenses têm interesse em investir em geração própria de energia; 66% realizou investimentos nesta área nos últimos 24 meses
Aguiar destacou que é necessário investir em programas e projetos de gestão do uso energético. Foto: Filipe Scotti

Indústrias catarinenses querem investir na geração de energia própria para elevar a eficiência energética de suas fábricas e reduzir custos. Nos últimos dois anos, vários investimentos foram realizados para otimizar motores, iluminação, sistemas de ar comprimido, entre outros. Os dados foram divulgados pela FIESC nesta quinta-feira (27), em seminário promovido pela Câmara de Assuntos de Energia, e integram a pesquisa Gestão do Uso de Energia nas Indústrias de Santa Catarina.

:: Confira a íntegra do levantamento clicando aqui.

Participaram da pesquisa 147 empresas de todas as regiões do estado e de vários segmentos. Dentre as indústrias que não possuem geração própria de energia (78%), grande parte pretende investir em energia fotovoltaica (77,3%), um tipo de energia limpa. “Existe um potencial de investimento para fornecedores de insumos para geração de energia dentro das indústrias. Algumas, inclusive, têm interesse em sistemas de cogeração”, comentou o presidente da Câmara, Otmar Muller.

O levantamento mostra que, em alguns casos, a participação do insumo energia no custo final do produto pode chegar a 50%. “É necessário investir em programas e projetos de gestão do uso energético, conhecer linhas de crédito e capacitar equipes internas, focadas no planejamento, execução, monitoramento e validação de metas para o uso eficiente de energia”, destacou o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar.

As empresas que responderam utilizar o mercado cativo (contratação compulsória de energia via distribuidora) revelaram o interesse de migrar para o mercado livre de energia, que consiste na livre escolha de fornecedores e de negociação das condições do contrato.

Ainda de acordo com a pesquisa, as indústrias apontam que fatores como financiamento, alteração de processos e falta de profissionais qualificados dificultam a implantação de mais ações focadas na eficiência energética. “Os institutos de tecnologia e inovação do SENAI podem oferecer soluções em eficiência energética, com o objetivo de reduzir custos e consequentemente aumentar a competitividade do setor industrial”, lembra Aguiar.

Nas indústrias pesquisadas, o processo produtivo inclui o uso de insumos energéticos como óleo diesel, gás natural, GLP, resíduos de biomassa, lenha, óleo combustível, carvão mineral, licor negro e carvão vegetal. As principais finalidades são iluminação, força motriz, ar comprimido e aquecimento e refrigeração.

Seminário
Rodrigo Garcia, da CNI, falou no seminário sobre o programa Aliança, que visa o aumento da competitividade do setor industrial por meio da melhoria da eficiência energética. “O programa é desenvolvido com base nas melhores práticas internacionais. A adesão é voluntária e o participante tem algumas obrigações. A meta inicial é reduzir 5% do custo com energia da fábrica, além de custos operacionais e da emissão de gases”, detalhou.

A General Motors apresentou case desenvolvido na empresa para gestão da energia, que tem investido em fontes renováveis. O seminário contou ainda com palestras sobre o programa Brasil Mais Produtivo, consultoria conduzida pelo SENAI e realizada com 300 empresas em todo o país; eficiência energética digital; estratégias para produtividade e competitividade, com participação da Weg; programas de eficiência gerenciados pela Celesc; e a valoração energética de resíduos industriais.

Gás natural
O presidente da Câmara, Otmar Muller, comentou ainda a resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que apresenta as diretrizes para a liberalização do mercado de gás natural e as novas metas anuais de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa para a comercialização de combustíveis. “As iniciativas vindas do governo federal na implementação de um mercado liberal para o gás natural são resultado do esforço das federações de indústrias, do poder legislativo, da agência reguladora, entre outros”, destacou Muller. As medidas serão encaminhadas para aprovação da Presidência da República. “Ainda existem situações relacionadas a distribuição que requerem atenção e modernização”, complementou.

As medidas propostas visam intensificar a desverticalização em toda a cadeia de gás natural e, sobretudo, criar as condições para o acesso não só aos gasodutos de transporte, mas a todas as infraestruturas essenciais do setor, como os dutos de escoamento, as unidades de processamento e os terminais de Gás Natural Liquefeito (GNL), proporcionando a abertura do mercado e a promoção da concorrência.

Muller comentou que, em visita à Assembleia Legislativa (ALESC), teve a oportunidade de conversar com parlamentares sobre a isenção do ICMS para microgeradores de energia elétrica e a distribuição do gás no estado. “Graças a nossa mobilização, temos o gás natural menos caro do Brasil nos últimos 14 anos”, frisou.

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