Na última semana tive oportunidade de estar com um grupo seletíssimo de empresários que representam empresas catarinenses atuantes em diversos países, além de empresas internacionais com sede em Santa Catarina. Geralmente, em grupos assim, a rejeição à “coisa pública” costuma ser grande. Mas não é o caso em Santa Catarina.
Ao final da explanação, alguns desses empreendedores espontaneamente manifestaram sua satisfação em fazer negócios no Estado, por vários motivos: segurança jurídica, transparência, logística, mão de obra qualificada, apenas para citar alguns. Em dado momento, o membro do conselho de administração de uma multinacional alemã do setor de telecomunicações, disse que na Alemanha nem todos sabem muito sobre o Brasil, mas todos conhecem Santa Catarina.
Para quem está do lado de cá do balcão, trabalhando para manter o desenvolvimento econômico em meio à crise, um depoimento desses não tem preço. E aí, lembro de um aprendizado que se aplica em muitas situações da vida: precisamos dar aos elogios sinceros o mesmo valor que damos às críticas. Pois se desanimarmos e nos deixarmos levar pela maioria que aponta o dedo mas não faz sua parte, estaremos fadados ao fracasso.
É o que temos feito nessa gestão de governo. O convívio com a crítica destrutiva é praticamente inevitável – especialmente quando se resolve mexer em questões que incomodam grupos acostumados com privilégios. De outro lado, os diversos indicadores que posicionam Santa Catarina no topo em questões econômicas e sociais nos dão a certeza de estar seguindo a receita certa. Registramos a menor taxa de desemprego do Brasil no último trimestre, pela terceira vez consecutiva, um dado irrefutável de que o foco está ajustado. De que é importante continuar mantendo investimentos públicos ao invés de aumentar impostos – como tem feito a maior parte dos Estados brasileiros.
Dia desses, em um programa de TV, ouvi do economista Gustavo Franco: “onde estão as maiorias inertes que não saem às ruas e não batem panelas?” Essas maiorias estão fazendo sua parte de outra forma. Trabalhando, gerando emprego, garantindo o sustento de suas famílias. Não quero absolutamente dizer que não seja importante protestar quando se tem conhecimento de causa – isso também é fundamental para que uma nação evolua. Mas não significa que aquela grande maioria, que não se manifesta nas ruas nem nas redes sociais, não tenha opinião ou não esteja indignada com tantas mazelas políticas, econômicas e sociais.
É por todos esses que o Governo não pode esmorecer. Precisa continuar não apenas fazendo sua parte bem feita – mas estimulando os setores produtivos para que não diminuam o ritmo, mantenham empregos e investimentos. Uma grande ajuda que o setor público pode dar é complicar o mínimo possível a vida de quem quer empreender. Um dado da Junta Comercial do Estado mostra que 75 mil novas empresas foram abertas aqui este ano – em grande parte por pessoas que perderam seus empregos e resolveram abrir um negócio próprio. É preciso muita coragem para tal. E isso o catarinense tem.
Se o Governo aumentasse impostos, estaria repassando a essas pessoas um fardo que não é delas. Além de não onerar os cidadãos com novos tributos, é importante olhar com muita responsabilidade para questões estruturantes como dívida pública e previdência. Temas difíceis, mas tão importantes quanto a busca pelo aumento de receitas, pois deles depende a redução das despesas. Por isso, o direcionamento é para frente. Trabalhar pensando no hoje e no amanhã. Assim podemos acreditar que dias melhores virão.
Antonio Gavazzoni, secretário de Estado da Fazenda e doutor em Direito Público