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Jaison Barreto

JAISON BARRETO
Nada é mais prazeroso do que o gosto da amizade, a alegria da boa convivência. Meu avô e meu padrinho Zacarias Alves da Silva gostava de ressaltar: “sou teu avô e teu amigo.” O Apóstolo Paulo dizia que esta palavra era a que melhor definia a irmandade da fé.

Jaison Tupy Barreto foi meu amigo, o destino me agraciou com este privilégio, e desde a minha chegada a Santa Catarina, criamos uma relação de grande fraternidade que muito me enriqueceu na minha condição humana.

A sua vida luminosa de médico e parlamentar é cantada em prosa e verso, caminhando na estrada de grandes figuras de nossa História, consolida-se pela sua inteligência e seu idealismo. Na primeira linha da oposição ao regime de 1964 avulta-se como grande revelação para o País, o tribuno vibrante, o orador que empolgou a redemocratização  em Santa Catarina. A palavra do Senador Jaison é uma página feliz de nossa História Política, ficou consagrado como o legendário tribuno popular que tinha o dom de imantar multidões, que sem contar o tempo, por horas e horas, o ouviam com encantamento.

Mirado por algumas injustiças e arcando com o salgado preço da província, enfrentou com serenidade  perseguições e desenganos. Delas emergiu com o coração despovoado de rancores e envelheceu amado pela sua gente e pelo seu povo, referência  da paixão pelo política, como arte do bem comum.

Na companhia do grande Senador Esperidião Amin, há menos de um mês, fiz um contato telefônico com Jaison Barreto, e ficou evidente que os anos não dimunuiram o seu idealismo e não consumiram o seu talento e a sua inteligência , que por um tempo fecundo marcou a vida parlamentar brasileira.

Nascido em Laguna no dia 16 de agosto de 1933, terra legendária de Anita Garibaldi, Jaison nos deixou no último de 26 de setembro.

A morte de Jaison Barreto me toca num registro muito pessoal,

além do que representa para Santa Catarina e para o Brasil. Foi ele certamente um dos mais combativos e lúcidos representantes do velho MDB no Congresso Nacional, mas além de suas qualidades como grande tribuno era marcado por valores humanos: absoluta correção, fidelidade a toda prova, inteligência brilhante, grande cultura e gosto pela arte de viver em plenitude.

Mantive, desde o tempo que cheguei a Santa Catarina, com Jaison uma grande amizade. Embora a pandemia não nos permitisse nos vermos com a frequência que desejaria, não deixamos nunca de manter constante contato telefônico, inclusive nos últimos tempos, quando ele reclamava de algumas indisposições.

A sua atuação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal foram verdadeiros exemplos de um homem que só pensou num Brasil livre e mais justo.

É com comoção que me junto ao sentimento de tristeza de sua família. Solidarizo-me com o Estado de Santa Catarina, que lhe deve, como o Brasil, a dedicação de um grande homem de estado e servidor público.

 

Georginno Melo e Silva.