Historicamente, desde o início do atual governo federal, Jair Bolsonaro sempre teve as maiores dificuldades e colecionava algumas derrotas acachapantes na Câmara dos Deputados. Nesta quarta-feira, 19, à noite, contudo, a bomba contra o presidente veio do Senado.
Por 42 votos contra e 30 a favor, os nobres senadores derrubaram o veto presidencial ao projeto que permite reajuste salarial ao funcionalismo em plena pandemia. O Planalto perdeu a disputa por dois votos.
Calcula-se que o libera-geral pode gerar um rombo fiscal de R$ 100 bilhões nas contas da viúva.
Os senadores que se mantiveram fieis a Bolsonaro, numa hora e numa matéria aguda dessas, argumentam, com razão, que os trabalhadores da iniciativa privada não tem direito a aumentos salariais. Pelo contrário. Milhões viram seus contracheques minguarem, bem como as jornadas de trabalho. Outros tantos, perderam os empregos.
Pois muito bem. Nas contas do Planalto, três senadores que eram considerados aliados roeram a corda na hora H. Entre eles está o catarinense Jorginho Mello (PL), que vinha tentando se impor como grande interlocutor de Bolsonaro em Santa Catarina. Depois dessa derrapada, Mello tem sido tratado, nos bastidores, de vários adjetivos. Um dos mais suaves é “traidor.”
Outro senador catarinense, Esperidião Amin, também votou contra o presidente. Não está na conta dos “traidores” pois não fica posando de aliado número 1 de Jair Bolsonaro. Amin, contudo, pelo visto esqueceu aquele vídeo em que o então candidato a presidente, ainda convalescendo da facada em Minas Gerais, gravou e citou seu nome já mais próximo da reta final de campanha. Esse apoio de Bolsonaro foi fundamental para a eleição de Amin. O emedebista Dário Berger não votou. Sua assessoria encaminhou o texto que segue, explicando que o voto do senador não foi computado por problemas técnicos.
“O voto do senador Dário Berger com relação ao VETO 17 não foi computado por um problema técnico. Quando o problema foi resolvido, a votação já havia encerrado. Se não fosse este imprevisto, o senador Dário teria votado conforme a orientação partidária do MDB, e cumprindo o entendimento que foi construído entre diversos parlamentares e o governo, para que fosse MANTIDO O VETO em contrapartida do socorro aos estados e municípios.”
Muito bem, de qualquer forma, a justificativa de Dário Berger está sendo vista com desconfiança pela sociedade catarinense, devido à repercussão da decisão tomada pelo Senado.