O coordenador do Fundo Estadual da Saúde, José Florêncio da Rocha, negou em seu depoimento a CPI dos Respiradores que tenha participado diretamente do processo de compra dos 200 aparelhos junto à Veigamed. Durante pouco mais de duas horas, ele repetiu várias vezes que a sua área de função não tratou dos detalhes da aquisição de insumos, mas apenas da liberação do pagamento após a homologação da nota fiscal que, segundo ele, foi efetuada por Márcia Geremias Pauli, então superintendente de gestão administrativa da Secretaria de Estado da Saúde.
“Com a nota homologada, a empresa já está contratada, e vira uma obrigação do Estado efetuar o pagamento para o fornecedor. Eu não tinha como não fazer”, explicou. Indagado pelo relator da CPI, deputado Ivan Naatz (PL), se tinha conhecimento que seria feito um pagamento antecipado para a Veigamed, ele respondeu que só soube posteriormente, pela imprensa, pois a informação não é incumbência do setor onde atua. Por outro lado, o servidor citou que o ex-secretário da Saúde, Helton Zeferino, e Márcia sabiam do pagamento antecipado dos R$ 33 milhões para a Veigamed pois isso “ficava claro” no processo de aquisição, que ambos tinham acesso e conhecimento.
O depoente confirmou que recebeu um telefonema do empresário Fábio Guasti, que é tido como uma das pessoas que teria intermediado a compra dos 200 respiradores pelo governo do Estado. “A Márcia passou meu número e ele ligou cobrando o pagamento. Respondi que eu precisava ter a autenticação [da nota] para acontecer o pagamento”, relatou. De acordo com José Florêncio, Márcia Pauli lhe enviou mensagem dizendo que era preciso assegurar a transferência de recursos, mas ele não respondeu.
O deputado Valdir Cobalchini (MDB) questionou se o servidor acompanhou o processo desde o início. Ele respondeu que só fez isso “a partir da homologação” da nota fiscal, pois também não seria de sua responsabilidade participar da primeira etapa dos procedimentos. José Florêncio, ainda atendendo questionamento do parlamentar, relatou que não cobrou nenhum tipo de garantia por parte da empresa sobre a entrega pois isso deveria ser feito na homologação do contrato. De acordo com ele, função de Helton e Marcia ainda no processo de aquisição.
José Florêncio negou também que tivesse relacionamento de amizade com Guasti. Segundo ele, o ex-secretário lhe deu orientação para que cobrasse do empresário a entrega dos respiradores. “Eu respondi que não era minha função, mas que faria”, esclareceu. O deputado Kennedy Nunes (PSD), perguntou então se o servidor tinha um relacionamento próximo de Zeferino. O coordenador garantiu que só mantinha conversas ligadas ao cotidiano profissional relativas às suas funções na secretaria e somente quando era convocado, ainda que sua sala ficasse no sétimo andar, próxima à do então comandante da secretaria.