Quem voltou a articular freneticamente nos bastidores da política estadual é o deputado Julio Garcia, do PSD.
Está em um novo momento depois do impacto e do desgaste acumulado, sofrido sob o aspecto pessoal e político.
Tudo leva a crer que ele não tem mais projeto eleitoral. Até em função do estrago causado no casco de sua trajetória pela Operação Alcatraz. Julio Garcia segue, no entanto, sendo exímio articulador. Está na linha de frente do governo, inclusive indicando nomeações importantes, como a mais nova diretora da Celesc.
Na proa
Vale pontuar que o chefe da Casa Civil, Eron Giordani, é seu afilhado político e se movimenta de acordo com a baliza do deputado pessedista. Virou o homem forte do governo Moisés da Silva.
Caminhos diferentes
Olhando para 2022, o deputado já percebeu que é muito improvável um acordo com o MDB. O maior partido de Santa Catarina tem três pré-candidatos. Avalia-se, nas fileiras do Manda Brasa, inclusive a candidatura com chapa pura no ano que vem.
Contexto
Importante lembrar que Julio Garcia foi eleito presidente da Assembleia Legislativa pela primeira vez em 2005, já dentro de um acordo que empurrou o DEM para a aliança governista de Luiz Henrique da Silveira. Foi um dos movimentos que assegurou a reeleição do ex-governador no ano seguinte.
Alternativa
Garcia gostaria de repetir o acordo, mas as possibilidades são remotas, o que leva o experiente parlamentar a ficar entre o PP e o DEM, do prefeito Gean Loureiro.
Caso o deputado perceba que o seu PSD vai fechar com o governador, cessam as chances de aliança com o DEM. Também porque Gean Loureiro tem conversado com o tucano Gelson Merisio.
A reboque
De alguma maneira, a movimentação do PSD está atrelada a Moisés da Silva. Neste fim de semana, o govenador oficializa o desembarque do PSL.
Falando em tendências a esta altura do campeonato, não seria equivocado afirmar que o PSD tende a estar com o governador. Isso significa poder, máquina na mão.
Progressistas
Aí entra o PP. Caso Esperidião Amin não entre no costumeiro diapasão de ir empurrando com a barriga (o famoso modo “embromation”), sem uma definição prévia, deixando claro que Moisés chegaria no partido para ser o candidato à reeleição, estaria pavimentada a ressurreição da Arena, versão Século 21, apesar das restrições do prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli.
Menor expressão
O outro caminho para Moisés seria um pequeno partido. PSC e Republicanos já oficializaram convites para o governador. Ele deve, contudo, observar o cenário e os bastidores para só tomar uma decisão no começo de 2022.
Amigos e inimigos
Confirmada a aliança do PSD com Moisés, independentemente de qual venha ser o partido que abrigará o governador, certamente haverá exploração eleitoral por parte dos adversários.
Sobretudo porque o deputado Julio Garcia foi o grande artífice dos dois pedidos de impeachment sofridos por Moisés da Silva, com dois afastamentos temporários, inclusive.
Vice
Quando o parlamentar percebeu que não conseguiria seu intento de chegar ao governo, acabou aliando-se ao governador para dar um chega pra lá na vice, Daniela Reinehr, que tentava, de todas as formas, efetivar-se no comando do Estado.
Ironias
Outro aspecto. A Operação Alcatraz, que teve o próprio Julio Garcia no centro das investigações, foi baseada em contratos superfaturados na Secretaria de Administração.
Contratos estes que, ou foram reformulados ou cancelados pelas mãos do competente secretário Jorge Tasca, que hoje responde pela pasta, e que colocou ordem na casa, moralizando o setor. São as ironias, finas, da política e da vida.