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Lançamento de livro marca debate sobre anos de chumbo na Alesc

 

O Estado Autoritário e a Pedagogia do Silêncio 1964-1979_
A Assembleia Legislativa de Santa Catarina promove na próxima segunda-feira (1), às 19h, o lançamento do livro “O Estado Autoritário e a Pedagogia do Silêncio 1964-1979”, da pedagoga e mestre em Educação, Áurea Oliveira Silva. A obra, concentrada em 15 anos do regime militar, questiona como a repressão física e psicológica do Estado, em colaboração com instituições da sociedade civil, provocou o silêncio, a alienação e o exílio interno e externo de milhares de brasileiros e brasileiras.
“Por meio de seus aparelhos repressivos e ideológicos, o regime educou os indivíduos a aprender a calar, ao silêncio”, explica Áurea, que aos 75 anos segue na trajetória de analisar uma parte da história que mudou profundamente sua vida. O livro é transpassado pelo sofrimento e, em forma de denúncia, expõe a repressão político-ideológica instaurada a partir de 1964 e sua repercussão em Santa Catarina até 1979, quando ocorreu a Novembrada.
Na visão da autora, sob a alegação de combater inimigos internos, amparada na Doutrina de Segurança Nacional, instalou-se o medo e, assim, muitos começaram a agir e pensar segundo a ótica do Golpe de 1964. “Educou-se para submeter, não só pela violência física. A censura e a negação à informação foram fundamentais para promover o esquecimento”, observa Áurea.
À submissão contrapôs-se a resistência e, mesmo aqueles que se exilaram internamente, vivendo à sombra, foram solidários. O enfrentamento, muitas vezes foi direto, mas também pela voz oblíqua: falar o que era permitido para dizer o que era proibido.
Áurea destaca que transcorridas quase seis décadas de 1964, muitos ainda têm medo de se manifestar, em razão de uma educação repressiva, imposta pelo regime militar, que “ensinou a calar”. “A lição que ficou é que, neste momento, além de prosseguir na luta por justiça social, lembrar do que aconteceu é o que pode impedir de tornar a acontecer”, analisa a autora, que registrou, por meio de entrevistas muitas vezes dramáticas, a luta contra a ditadura, a solidariedade, as dores, as perdas sociais e individuais.
Currículo
Áurea Oliveira Silva nasceu em 5/4/1943 na Fazenda Aurora, em Rancho de Cacau, município de Uruçuca, no sul da Bahia. Aos 3 anos perdeu a mãe e passou muitas dificuldades numa família de pequenos agricultores de 5 irmãs e 4 irmãos.
Em Salvador, participou do Grêmio Estudantil do Ginásio Duque de Caxias. Aos 19 anos foi para SP e depois para o RJ, onde trabalhou no IBRA e nas favelas pelas Comunidades Eclesiais de Base. Perseguida, fugiu para Ilhéus (BA), mais tarde retornando a SP. Foi operária e militou em fábricas, sendo presa no Dops e OBAN. Solta, ingressou na Ação Popular (AP) e viveu um exílio interno até março de 1973, quando se exilou no Chile. O golpe contra o presidente Salvador Allende a levou para o Canadá (1974) e Moçambique (1978). Com a Anistia, em 1980 retornou ao país. Em 1987 foi reintegrada ao INCRA (ex-IBRA).
Estudou na UFMS e na UNICAMP, onde graduou-se em Pedagogia (1989). Mestre em Educação pela UFSC (1994).
Casada há 50 anos com o companheiro e médico sanitarista Pio Pereira dos Santos, têm os filhos Vladimir e Juliana e os netos Luísa, Helena, Luana e Gabriel.