Desde que assumiu o governo do Estado, em 2003, ainda no embalo de uma vitória histórica sobre Esperidião Amin, Luiz Henrique da Silveira transformou-se na maior liderança política de Santa Catarina, posição que manteve por 13 anos com muita habilidade, estratégia, e às vezes, com mão de ferro. Aprendeu muito e por muitos anos foi um dos interlocutores privilegiados de Ulysses Guimarães. Além de se reeleger em 2006, sendo o primeiro governador da história de Santa Catarina a atingir esta condição, guindou o ex-prefeito Raimundo Colombo ao Senado. Em 2010, foi a vez de Paulo Bauer chegar à Câmara Alta pelas mãos do ex-governador. A partir do pensamento e da articulação de Luiz Henrique, o próprio Colombo elegeu-se e reelegeu-se governador no primeiro turno, outro fato histórico no Estado.
Nos bastidores, crescia a olhos vistos uma nova candidatura do peemedebista ao governo. Sem sombra de dúvida, era o único nome do PMDB capaz de reunir o maior partido do Estado, condição que falta a Eduardo Moreira, Dário Berger e Mauro Mariani.
Recentemente, os deputados Dalmo de Oliveira, Fernando Coruja, Mauro de Nadal e Aldo Schneider estiveram com LHS. Relataram ao ex-senador a situação crítica entre Raimundo Colombo e Eduardo Moreira. O quarteto insinuou que ele deveria ser candidato neste contexto, mantendo o PSD na aliança e atraindo o PSDB. Luiz Henrique descartou qualquer possibilidade de ser o nome para 2018. Mas foi aquela negativa protocolar. Não convenceu. “Não é momento de falar de nomes,” disse o peemedebista, deixando a clara sensação de que estava candidatíssimo.
A morte dele muda completamente o quadro. Assim como quando Vilson Kleinübing faleceu, em outubro de 1998. Esperidião Amin estava eleito e o blumenauense seria fortíssimo candidato em 2002. Sua perda mudou tudo. A história se repete. Além de enfraquecer o PMDB, que tende a continuar dividido, o PSDB se fortalece sobremaneira. Com dois senadores e o histórico de Paulo Bauer, que por muito pouco não chegou ao segundo turno ano passado. Não será novidade se no vácuo da morte LHS, o PP entrar no governo e passar a ser, de fato, o parceiro preferencial do PSD para o próximo pleito. Quanto ao PSDB, a possibilidade de integrar o atual governo é mais remota. Até pela possibilidade de Bauer continuar como um contraponto. Agora, não se pode descartar a possibilidade de o próprio senador tucano passar a ser o nome de Raimundo Colombo para o governo, unindo PSD, PSDB, PP e PSB, quarteto que disputaria contra o PMDB. O fato é que o jogo embolou e está mais aberto do que nunca na história recente do Estado. De quebra, Raimundo Colombo perde seu grande articulador junto ao PMDB, cujas desavenças internas, com o PSD e ele mesmo, transformaram-se na maior dor de cabeça do líder lageano. Com Colombo meio órfão em relação ao seu principal aliado, a grande incógnita agora é saber como será o futuro desta coalizão que iniciou o segundo mandato aos trancos e barrancos do ponto de vista político. Será que a tríplice aliança vai morrer junto com seu criador? Dentro do PMDB, deve se acirrar agora a disputa por espaço e influência interna, o que pode provocar novos estragos na relação da legenda com o governo e o governador. Outra pergunta é o que vai ocorrer com as Secretarias Regionais, também criadas por LHS. A tendência é que se esvaziem ainda mais daqui pra frente, sugadas pelo vácuo político deixado por Luiz Henrique da Silveira.
Na foto interna, LHS em sua última viagem ao exterior. Foi à Rússia, acompanhado da mulher, Ivete Appel da Silveira, e do casal de amigos Fernando e Iolanda Marcondes de Matos.
Fotos: Ag. Senado, Pedro França, arquivo (capa) e interna divulgação