Ainda Jair Bolsonaro. Não propriamente a passagem dele pelo estado durante a semana, mas o que ele tem representado como líder político em Santa Catarina.
Vamos rememorar. Em 1989, tivemos o restabelecimento das eleições diretas. Durante 20 anos, os militares mandaram no país. Em 1984, Tancredo Neves elegeu-se no colégio eleitoral, adoeceu antes de assumir e, diante de sua morte, o mandato de cinco anos ficou com o vice, José Sarney.
Em 1989 quem obteve a maior votação em Santa Catarina no primeiro turno? Leonel de Moura Brizola, governador do Rio Grande do Sul antes da ditadura e duas vezes governador do Rio de Janeiro depois de voltar do exílio com a anistia de 1979.
Até pela proximidade entre os dois estados, Brizola largou na frente. Mas ele não foi ao segundo turno considerando-se o resultado nacional por 0,5%. Lula da Silva o ultrapassou no último dia da campanha.
No segundo turno, Fernando Collor deu de relho no petista. Isso com Brizola apoiando Lula. O que só caracteriza que a transferência de votos não é fácil. Nunca foi.
Faz tempo
Brizola foi o último a ter uma ascendência maior sobre o eleitorado catarinense. Lula, em 2002, obteve por aqui a maior votação proporcional do país.
Oscilação
Mas em 2006, perdeu pra Geraldo Alckmin. Em 2010, José Serra ganhou de Dilma Rousseff assim como Aécio Neves em 2014. Sempre houve variações.
Fenômeno
Em 2018, tivemos o fenômeno Jair Bolsonaro no Brasil e em SC. Em 2022, nova onda bolsonarista.
Redução
Quando ele perdeu cinco pontos percentuais entre o eleitorado catarinense, mas em 2018 o nome do PT era o poste Fernando Haddad. No segundo turno do último pleito, foi 70% a 30% para Bolsonaro. Foi uma lavada para cima de Lula.
Força
Se analisarmos o todo, a onda de 2022 foi ainda maior do que a de 2018. Há seis anos faltaram 18 mil votos para que Lucas Esmeraldino fosse eleito senador. Quem ficou com a segunda vaga foi Jorginho Mello, hoje governador.
Primeira leva
Lá os conservadores eleitos na força de Bolsonaro foram o governador Moisés da Silva, a vice, Daniela Reinehr, quatro federais e seis estaduais.
Há dois anos, além do governador, da vice e do senador, os liberais elegeram seis federais e 11 estaduais.
Consolidação
Ou seja, houve um avanço e mostrou estabilidade na força política de Bolsonaro em Santa Catarina.
Identificação
Isso significa que o ex-presidente vai ter influência nas eleições municipais daqui, sobretudo nas cidades de maior porte. Arrisca-se a dizer, ainda, que nos municípios de médio porte o Bolsonarismo também pode estar forte.
Regionalidade
A força dele é no estado inteiro? De uma maneira geral, sim. Mas se formos apreciar a densidade eleitoral de Bolsonaro considerando-se as seis grandes regiões do Estado, poderíamos dizer que no Oeste é a região onde ele exerce a menor influência. Foi bem votado nas duas últimas eleições presidenciais? Foi, mas o desempenho de Bolsonaro nas urnas foi maior no Vale, no Sul, no Norte e na Grande Florianópolis.