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Manchete

Lira peita Lula

Terça-feira, 6, foi o primeiro dia de sessão tanto na Câmara quanto no Senado. Arthur Lira, o líder do Centrão, que andava meio sumido, mas deu o ar da sua graça na véspera, segunda-feira.
Vamos refrescar a memória. O presidente da Câmara dos Deputados ignorou olimpicamente aquele espetáculo circense do 8 de janeiro deste ano, quando a Organização comemorou a derrocada do “golpe terrorista” de 2023. Eles ainda imaginam que vão conseguir convencer a opinião pública brasileira de que aquilo foi golpe.
Primeiro, que não houve sequer tentativa de golpe e muito menos, portanto, “golpe.” O país assistiu, atônito, ao mais puro vandalismo. Patrocinado pela esquerda, com a conivência e possivelmente o estímulo do governo.
Ora, estão subestimando a inteligência do povo brasileiro. Que brincadeira é essa? Arthur Lira não só marcou sua posição não comparecendo àquele espetáculo deprimente, esvaziado, aliás, pois lá estavam apenas o presidente de plantão, ministros de Estado e do STF, além de alguns governadores e a claque de áulicos de sempre.

Fora dessa

Lira também ignorou olimpicamente, na semana passada, tanto o reinício das atividades do Supremo como a posse de Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça.

Alto e bom som

Nesta segunda, 5, o presidente da Câmara usou da palavra. E mandou recados endereçados ao conluio governo-STF. Não é flor que se cheire esse Arthur Lira, mas diante da omissão de Rodrigo Pacheco, o presidente do Congresso, que é um capacho com requintes de vassalo, Lira tenta manter uma das Casas Legislativas com certa independência.

Protagonismo?

Nos recados enviados a Lula da Silva, Lira declarou que os deputados federais não vão pecar por omissão. Vão se posicionar. Ele também afirmou que é bom que não subestimem a Câmara.

Atuação

O deputado do PP de Alagoas lembrou que, em 2023, a Casa aprovou a Reforma Tributária, o Arcabouço Fiscal e a Reforma Ministerial. O presidente da Câmara enfatizou, ainda, que os deputados não vão abrir mão da participação efetiva no Orçamento da União.

Pé de ouvido

Ou seja, ou o governo vem para a conversa junto ao comando da Câmara ou vai passar trabalho em 2024.

Contabilidade

O PT e o Planalto sabem muito bem que o presidente da Câmara controla mais do que o dobro de parlamentares do que aqueles considerados fiéis ao governo. Lula e seus camaradas contam com cerca de 150 deputados fielmente alinhados. Lira influência mais de 300.

Poder

Os sistemas da Câmara e do Senado são presidencialistas; e o presidente tem muita força nas duas Casas, inclusive para abrir pedidos de impeachment.

Omissão

Algo que, aliás, Rodrigo Pacheco não faz em relação ao STF, onde repousam mais de três dezenas de pedidos de impedimento de supremas togas.

Contraponto

Assim como o Planalto é protegido por Pacheco, se o governo não vier para uma conversinha de pé de ouvido com Lira, poderá se incomodar. Basta lembrar de Eduardo Cunha. O desfecho foi o impeachment de Dilma Rousseff.

Empecilho

Lula da Silva terá que trocar Alexandre Padilha como ministro da Articulação Política. Arthur Lira não conversa mais com ele. Os últimos interlocutores governistas junto ao presidente da Câmara foram o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o líder do governo Lula, José Guimarães.

Variáveis

 

O ano é eleitoral e Lula da Silva sabe disso. O PT precisa eleger prefeitos, especialmente nas grandes metrópoles brasileiras. Se o ambiente estiver tensionado na Câmara, isso pode criar desestabilidade político-eleitoral ao desgoverno do PT.

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