Manchete

Lula atravessa o samba

O período é carnavalesco. Embora hoje já seja quarta-feira de cinzas, na sexta-feira passada, no apagar das luzes da semana, para que a repercussão fosse a menor possível diante dos festejos do Carnaval, Lula da Silva mexeu no centro do desgoverno. Os festejos, aliás,  na verdade, em Pernambuco e na Bahia  já começam uma semana antes.

Neste clima de Brasil varonil, Lula da Silva confirma o remanejamento de Alexandre Padilha da Articulação Política para a Saúde, ministério que ele já havia ocupado no governo Dilma Rousseff.

Para o lugar dele – que não articulou absolutamente nada -, a deidade vermelha trouxe a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Vejam só, a expectativa do Centrão, dos vários partidos que o compõem, com destaque para o MDB,  o PP, o União Brasil, o PSD, o Republicanos e tantos outros,  é de que o nome viesse a ser pinçado de uma dessas legendas.

Narizinho

Mas não, o presidente optou pela deputada que comanda o PT,  e que não tem boas relações, e nem grande trânsito  junto a essas bancadas do Centrão. Ela sempre teve uma postura muito radicalizada, de esquerda, de modo que Lula faz uma opção exclusiva para o projeto eleitoral de 2026, esquecendo-se da governabilidade no Congresso.

Tecla única

Vale lembrar que Gleisi Hoffmann foi a responsável pela coordenação da sua campanha em 2022.  Então, ele prioriza, e já sinaliza positivamente, que será candidato. É a democracia Lula Forever, de uma tecla só, de um nome só, de um discurso só. E ela fará transição  dessa segunda metade do governo  com o projeto de recondução.

PTzada

Então, a prioridade, pelo visto,  é mais mobilizar o PT,  reunificá-lo, do que propriamente trazer outros partidos de Centrão que, repito, já estão descontentes com o governo Lula.

Leque

E eles ficam livres, leves e soltos,  porque, afinal de contas, na direita, o que não faltam são candidatos.  Dentro da situação de inelegibilidade  de Jair Bolsonaro,  o governador reeleito de Goiás, Ronaldo Caiado, já botou o bloco na rua.

Câmara Alta

Ratinho Júnior, do PSD,  também reeleito no Paraná, igualmente,  muito embora esse seja só para ocupar espaço,  vai concorrer ao Senado.  Existe a possibilidade real de Tarcísio de Freitas,  que só vai à reeleição se Lula estiver competitivo para 2026, o que não é a realidade de hoje, conforme várias pesquisas de opinião.  Ele pode reverter a situação?

Inflação

Pouco provável. Não bastasse todo o contexto econômico que já atinge em cheio o bolso da Dona Maria, o líder vermelho trouxe para o centro do governo alguém que contestou a política econômica  do ministro Fernando Haddad.  Foi ela, Gleisi, que provocou o maior desgaste ao czar da economia local.

Escanteado

Então, Fernando Haddad, uma escolha pessoal de Lula da Silva, acaba enfraquecido. Havia quem estivesse na esperança de novas medidas de pacote fiscal, contenção de gastos, cortes públicos.

Lorota

Esqueçam! A chegada de Gleisi Hoffmann,  aliada a Rui Costa,  ministro-chefe da Casa Civil, vai ser na direção dos gastos.  Gastos para bancar um projeto de reeleição.  Só que isso vai gerar recessão, desemprego, escalada dos juros  e o poder aquisitivo cada vez mais aniquilado.

Abismo

É um erro crasso  imaginar que, gastando mais, o PT vai conseguir o apoio  do eleitorado mais empobrecido,  especialmente do Norte e do Nordeste.  As pesquisas estão mostrando.  O governo Lula caminha para o precipício e sua recandidatura pode acabar inviabilizada,  ainda mais agora,  com a presença de Gleisi Hoffmann  à frente da articulação política.

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