Especulações tomam conta do jornalismo político como é esperado em ano eleitoral. E uma das mais exploradas trata-se do destino que terá o MDB no pleito de outubro. Vai mesmo com candidatura própria como quer a base, ou embarcará em outro projeto?
Envolvido neste enredo, o prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli, pelo menos, não deixa dúvida. Para ele, só existe uma possibilidade, ser o candidato a governador. “A chance de eu aceitar ser candidato a vice é zero”. Segundo ele, a possibilidade nunca chegou a ser levada a sério. “Não faria sentido. O que me motiva a participar do processo é poder mudar a forma de administrar Santa Catarina. Mais gestão, menos custos, mais investimentos. Mais visão em longo prazo e menos eleitoreira. Santa Catarina é um Estado que historicamente se sobressai em relação ao país, mas ainda há muita coisa a ser melhorada. O custo para população está cada vez mais exorbitante e nada está sendo feito para mudar de verdade. Me preocupo bastante com isso porque sei que a conta vai chegar e é no lombo do trabalhador que vai doer”, argumenta o empresário.
Lunelli critica também o pacotaço aprovado no fim do ano passado e diz que a nova política em nada se diferencia do que antes criticava. “O custo no orçamento deste ano só com reajuste e bonificações é de R$ 1,3 bilhão. Além disso, criar 100 cargos no apagar das luzes no fim do ano, sem discussão, para mim, é irresponsabilidade”. Outra questão que lhe incomoda é a inflação e a queda no poder de compra do consumidor. “Pergunta para dona de casa que vai ao supermercado quanto subiu a compra do mês. Pergunta para quem abastece o carro com dinheiro contado qual é a mágica que ele precisa fazer. Os governos estão vendo a corda estourar e não têm feito quase nada. Ao contrário, anunciam Pix e ficam esperando o que vai acontecer depois”, diz. “Passar um pente fino nas contas da Celesc porque a tarifa está exorbitante”, segundo ele, também deveria ser prioridade.
Relação respeitosa, diferença no estilo
Apesar de criticar as medidas tomadas, Antídio Lunelli tem mantido diálogo com o governador Carlos Moisés, com quem inclusive jantou em dezembro na Casa Agronômica, o que muita gente entendeu como sinal de aproximação. “Moisés é um homem educado, agradável. Não tenho nada contra ele. A nossa diferença está no campo da administração, na forma de enxergar como deve ser feita a política. Mas ele é governador e eu prefeito e vamos conversar sempre que necessário”.
Aguardando pelas prévias
Sobre o MDB, Lunelli teme que alguns dos seus correligionários estejam sendo ludibriados e tardem demais para acordar. “O MDB não sabe a força que tem. E algumas lideranças agem minando justamente o que seria nosso principal capital político, poder apresentar uma nova proposta ao eleitor catarinense tendo capilaridade em todas as regiões. Não é porque os deputados deram sustentação ao governo que não podemos nos apresentar como alternativa. Eu não me sinto na obrigação de explicar o que o atual governo fez ou faz. O que me proponho a fazer é apresentar uma proposta de gestão pública bastante diferente. Com transparência, com planejamento, redução do peso da máquina, uso da tecnologia com simplificação e desburocratização. Em Jaraguá do Sul, por exemplo, diminuímos de 52% para 35% o gasto com a folha de pagamento, com isso, aumentamos os investimentos em todas as áreas”, afirma.
Lunelli aguarda as prévias do MDB, marcadas para o dia 19, para planejar o seu futuro. “O partido vai ter que escolher que caminho seguir. Independente da decisão, eu vou acatar e respeitar. Mas temos que debater democraticamente”, defende.