Na primeira manifestação pública – não foi uma entrevista – depois da posse do novo secretário da Casa Civil, Moisés da Silva adotou outra postura, diametralmente oposta da que vinha adotando até então.
O governador foi mais firme, enérgico, embora seu posicionamento ocorreu durante um monólogo, pois não houve perguntas da imprensa ao chefe do Executivo.
Moisés também mostrou uma certa indignação. Sinalizou, ainda, que Santa Catarina tem governador.
Agora é preciso avançar nessa abertura. O governador precisa responder àquilo que o catarinense deseja saber. Mesmo assim, foi um avanço.
Isso, na forma. No conteúdo, obviamente que qualquer governante ou autoridade pública deve estar submetida aos questionamentos. Moisés da Silva citou o escândalo dos respiradores para dizer que foi um caso único.
Nada disso
Não foi, governador! Há pelo menos três situações que já se tornaram públicas e que envolviam vultosas recursos da viúva com suspeitas de malfeitos.
Outros dois
Além dos respiradores, o primeiro foi o caso do hospital de campanha que seria erguido em Itajaí pela módica quantia de R$ 76,9 milhões. Transação que foi suspensa após a sociedade – mídia, entidades, políticos e empresários – entrar no circuito. Na sequência, houve a tentativa de se adquirir EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) pela bagatela de R$ 70 milhões. Novamente, a investida bateu na trave por suspeitas gravíssimas.
Tripé
Então, são três casos neste período de pandemia. Não dá pra minimizar a situação.
O que se espera também é que o governador passe a agir de maneira mais transparente. Que enfrente as perguntas, a mídia, que circule e faça o papel essencial animador número 1 de Santa Catarina.
Astronômico
Fez muito bem o Poder Judiciário em determinar a apreensão dos 50 respiradores – de um total de 200 – que chegaram a Santa Catarina. Os equipamentos foram diretamente para a Deic, onde vai se averiguar se o estado não está recebendo gatos apesar de ter comprado lebres.
De qualquer forma, já se sabe que o lucro da operação chegou a 100% do valor real. Os respiradores custaram R$ 16,5 milhões dos R$ 33 milhões. Ou seja, metade foi paga comissão e propinas.
Fantasma
Tamanha margem de lucro ainda chama a atenção porque a empresa contratada pelo governo de SC é de fundo de quintal, fantasma. Nunca teve e não tem a menor condição de assumir um contrato dessa natureza. Então porque a administração não comprou diretamente da empresa que produz os respiradores, na China, se a tal Veigamed só fez isso: receber a grana e ir comprar os materiais – que ainda não se sabe quais são – no país asiático. Operação que dobrou o valor real dos respiradores. Importante saber quanto custam, de fato, estes equipamentos lá na ponta, seu valor real.
Questão-chave
Outro ponto é que o governador ainda não respondeu se sabia ou não dessa contratação desta Veigamed. Isso é fundamental. Se não sabia, há algum problema grave de governança. Se sabia, teria que ter brecado o absurdo negócio. Nos dois quadros, a situação não é favorável a Moisés da Silva.