A aliança concretizada pela direção do Partido dos Trabalhadores de Itajaí, no último dia 05 de agosto, com siglas historicamente inimigas da nossa ideologia política, deixou perplexos filiados, simpatizantes e aqueles que acompanham a política partidária em nosso município. O papel deste manifesto é tentar explicar à sociedade as contradições dessa aliança e servir de ponto de partida para filiados e simpatizantes redirecionarem o partido, orientando suas ações no sentido da retomada de seu papel histórico, para o qual foi fundado em fevereiro de 1980.
Vivemos uma conjuntura em que o partido sofre ataques violentos dos inimigos e adversários. Essa campanha que criminaliza o PT é fruto de erros internos também, mas principalmente por consequência de acertos em sua política externa, na afirmação da soberania nacional e busca pela inclusão de todos os brasileiros no mercado de consumo. Os avanços na educação, habitação, saúde e demais políticas públicas, associada à proteção aos trabalhadores, com aumento da renda, contraria interesses das velhas oligarquias políticas nacionais, do pensamento escravagista das nossas elites econômicas e fundamentalmente das ações neocoloniais das grandes potências: aquelas que determinam a geopolítica para o continente. Tais interesses, não temos dúvidas ao afirmar, criaram as condições para a articulação do golpe em curso, contra um governo legitimamente eleito.
É nesse contexto adverso que caberia à direção municipal conduzir uma política de acumulação de forças, compartilhando ações com outras siglas partidárias de orientação trabalhista, sindicatos e outras organizações populares que construíssem uma ação de resistência ao avanço dos golpistas. Neste cenário, em que o partido e todas as demais organizações dos trabalhadores sofrem ataques violentos que buscam sua desqualificação ou aniquilamento, não é hora para abandonar a luta e fazer a opção eleitoreira. Estamos na iminência da concretização de um golpe contra a democracia e aos direitos dos trabalhadores, base social do PT; entretanto a direção municipal escolhe o caminho equivocado da capitulação.
O PT de Itajaí construiu sua história na afirmação do seu caráter classista. Conquistou corações e mentes daqueles que, guiados pelos valores do partido, doaram-se à luta e tornaram-se militantes. O processo eleitoral sempre foi usado para divulgação e afirmação do nosso projeto. Nunca como um fim em si mesmo. Desde 1982, dialogamos com a sociedade itajaiense, debatendo ideias, sugerindo soluções. Foram muitas vitórias políticas, muitas derrotas eleitorais, sem jamais abrirmos mão dos nossos princípios e valores. Não há um único filiado ao nosso partido, em toda sua história, que tenha condenação judicial no exercício das suas funções políticas. Temos as mãos limpas e orgulho da nossa história.
Uma aliança deveria ser edificada sobre fundamentos programáticos. Quem arriscaria afirmar que há um único ponto em comum entre o programa do PT e do PP de Itajaí? A sujeição do PT ao projeto do governo municipal, capitaneada por figuras públicas como Jandir Belinni, Amilcar Gazaniga e abençoada pela família Bornhausen ridiculariza a imagem do partido, humilha seus filiados e desorienta seus simpatizantes. O único valor do partido negociado foi o tempo de TV. Tudo mais foi descartado, jogado no lixo.
Infelizmente, falsas lideranças que exercem mandato eletivo se acham no direito de usar o patrimônio construído pelo conjunto dos filiados em benefício dos seus projetos pessoais. Desrespeitam a história e o sentimento daqueles que, durante ou parte destes últimos 36 anos, doaram-se para construção do partido no município. Lamentável que a maioria da executiva municipal tenha se curvado aos interesses dessas falsas lideranças. Falaciosa a posição daqueles dirigentes que tentam justificar a decisão culpando o conjunto dos filiados por terem abandonado o partido. Equivocada a avaliação daqueles que imaginam que o caminho do fortalecimento do partido passe pelo engajamento eleitoral no projeto municipal do PP/PSB/PSD. Vale lembrar que todos os deputados federais catarinenses desses partidos votaram a favor do impeachment da Presidenta Dilma Rousseff e, consequentemente, buscam aniquilar o Partido dos Trabalhadores.
Como esperar, então, que coligar com tais partidos represente a possibilidade de fortalecimento do PT em Itajaí? Tal tese só poderia ser explicada por ato de extrema ingenuidade política ou por interesses personalistas que ardilosamente possam ter se estabelecido na cúpula partidária. Ou por ambos.
Diante dessa realidade, conclamamos todos os filiados e simpatizantes para a reunião que será realizada no dia 31 de agosto, para debater e encaminhar ações que nos reoriente e restabeleça nossa confiança partidária.
A reunião terá início às 19h, no CTG Amigos da Tradição, rua Vereador Abílio Otávio do Canto, Bairro Ressacada.
