Coluna do dia

Mãos ao alto!

A Câmara dos Deputados está de costas para a sociedade. Vive numa bolha, numa espécie de Disneylândia. Ali vivem os eleitos e não há crise, não há dificuldade, não há necessidade de rever práticas, gastos e estruturas. Ali, a sociedade, as pessoas, não existem.

A aprovação da gambiarra que estão chamando de reforma política na Comissão Especial é um verdadeiro acinte, um deboche poucas vezes visto na história deste país. Principalmente por propor a criação de um fundo de R$ 3,6 bilhões para bancar as campanhas de suas excelências no ano que vem. Dinheiro público. Que vai sair do orçamento federal. Dinheiro recolhido junto aos pagadores de impostos, que têm serviços básicos de péssima qualidade na Saúde, Educação, Infraestrutura, Segurança e por aí vai.

Suas excelências se mobilizaram e estão fazendo a proposta andar de forma célere (enquanto projetos que beneficiam setores importantes da vida produtiva nacional estão parados há anos e até décadas), justamente no momento em que os ministros do STF não aceitaram aumentar os próprios salários, o que geraria bilionário efeito cascata, corroendo ainda mais a bolsa da viúva, que já está na UTI. Esta Câmara dos Deputados não nos representa.

 

Aperto

Outra medida controversa foi a aprovação, já na madrugada de quinta, do chamado distritão, pelo qual somente deputados mais votados serão eleitos. Enfraquece os maiores partidos, extingue os menores e deixa os atuais caciques partidários com muito dinheiro dos impostos na mão para “eleger” quem eles quiserem. A medida torna muito reduzidas, perto de zero, as possibilidades de renovação nos legislativos país afora. É a vanguarda do atraso.

 

Em causa própria

O tal distritão é um casuísmo tão grande, apresentado única e exclusivamente para salvar a pele dos atuais mandatários federais (que não teriam de onde tirar recursos para as campanhas e poderiam ser varridos do mapa a bordo da possibilidade de renovação – que eles sepultam com esse sistema), que nenhuma das grandes democracias o adota.

 

Espelho

O distritão existe em países como Afeganistão e Jordânia e, sentem-se para não cair, nas Ilhas Pitcairn (um arquipélago de 50 mil habitantes perdido no Pacífico Sul) e em Vanuatu, atenção, outra ilha do Pacífico. Caminhamos rapidamente para um beco sem saída no Brasil.

 

Restrição

Pelo sistema do distritão, muitos pré-candidatos a deputado vão desistir de botar o bloco na rua. Principalmente os que se valem da candidatura proporcional para ganhar visibilidade de olho na próxima eleição para prefeito. O mesmo raciocínio vale para aqueles que se lançam “sob encomenda” para retirar votos de desafetos dos donos das legendas.

 

Conselheiro

Na agenda particular de Raimundo Colombo nos Estados Unidos, haverá espaço para encontro com o ex-secretário, amigo e conselheiro Ubiratan Rezende.

 

Projeto

A saída de João Paulo Kleinübing do PSD para voltar ao DEM (de onde ele se desfiliou em 2011) teria o dedo de algum cardeal do próprio PSD? O que se sabe é que Gelson Merísio está atuando fortemente para impedir maiores adesões.

 

Reavaliando

Deputado estadual Gabriel Ribeiro, que já estava na estrada empolgado com o projeto de concorrer à Câmara Federal, puxou o freio-de-arrumação. Está reavaliando o cenário.

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