O clima é de desconfiança entre a equipe que acompanha Moisés da Silva desde o começo do governo e as principais lideranças e dirigentes da seção catarinense do MDB.
Esse sentimento, na verdade, não é recente. Já vem de algum tempo. Também, convenhamos. A bancada fechou com o governador desde o primeiro pedido de impeachment, quando Daniela Reinehr foi salva da degola pelo voto do deputado Sargento Lima e assumiu interinamente após o afastamento do titular.
A vice-governadora voltou ao comando no segundo pedido de impedimento. Ela chegou com tudo e mexeu em todo o governo naquela oportunidade. No seu retorno, o governador não deixou por menos. Desfez tudo o que ela havia feito e ficou absolutamente incomodado com a vice.
Ele se salvou e se fortaleceu administrativamente, mas o débito em relação ao MDB só aumentou. São nove deputados em 40 no Legislativo estadual, quase 25% da Alesc. Quando Luiz Fernando Vampiro assumiu a Educação, permitindo a posse de Dirce Heiderscheidt como deputada, o MDB ganhou ainda mais musculatura no governo.
Não e não
Diante de todos os apelos e os convites formulados, com destaque para os movimentos de Mauro de Nadal, quando presidente da Alesc, e mais recentemente de Moacir Sopelsa, que hoje é o presidente do Legislativo, o governador resistiu a alistar-se nas fileiras do Manda Brasa.
Temor
Ele não queria ir para as prévias. Poderia ter se filiado e não ter disputado as prévias. Simples assim. Antídio Lunelli foi homologado pré-candidato nas prévias emedebistas (que não foram realizadas) e perdeu na convenção. Se o governador estivesse filiado ao partido, levaria a melhor na convenção e poderia inclusive compor com o ex-prefeito de Jaraguá. Muito provavelmente nem disputa haveria neste contexto.
Derrapadas em série
Aliás, o segundo e crasso erro de Moisés nessa relação com o MDB: rejeitar Antídio para ter Udo Döhler como companheiro de chapa. Nada contra o perfil pessoal e empresarial do joinvilense.
Semelhanças e diferenças
O ex-prefeito de Joinville tem perfil assemelhado ao de Antídio Lunelli. Ambos são empresários muito bem sucedidos, corretos e ex-prefeitos de cidades estratégicas. Nem vamos nos ater às questões étnicas – um é de descendência germânica e o outro descende de italianos – mas sim na questão cronológica. O jaraguaense ainda não completou 60 anos. Udo se aproxima dos 80.
Peso
Antídio foi reeleito, o primeiro da história de Jaraguá, com quase 70% dos votos. Udo, apesar dos dois mandatos, acumulou desgaste brutal em Joinville por falta de gestão administrativa nas obras.
Equívocos
Moisés errou em tudo. Acabou cedendo e abrindo o governo para Moacir Sopelsa assumir interinamente e articulando para que o deputado Celso Maldaner, candidato ao Senado, reassumisse o comando do partido.
Ouvidos moucos
Até agora não se viu resultados práticos, na ponta, de mobilização emedebista em torno da campanha reeleitoral de Moisés. O MDB faz ouvidos moucos aos apelos de suas lideranças. Tem emedebista apoiando os mais variados projetos, sem falar naqueles que estão neutros, estado afora.
Por toda SC
Trata-se do maior partido do estado, respaldando o candidato de uma sigla nanica, o Republicanos.
Ledo engano
Moisés imaginava que atrairia, além do MDB, o PP, o PSD e o PSDB porque todo mundo participou do governo. Oras, faltou um mínimo de malícia política. Eleição é outra conversa, cara-pálida.
Fecha a conta
Crendo que ficaria com todos em sua chapa, Moisés ficou com metade do MDB. O PSDB está com o PP e o PSD, que também compôs a atual administração, está com Gean Loureiro, do União Brasil.
À espera de um milagre
Desafiadora a situação do governador. A última esperança é que nas duas semanas definitivas o MDB mergulhe de cabeça. O partido é forte, capilarizado e estruturado nos 295 municípios do estado. Sua militância, quando compra o projeto, é atuante, vai às ruas e conquista votos. Até aqui, no entanto, o MDB, em sua esmagadora maioria, está de braços cruzados por toda Santa Catarina.
foto>Linkedin, divlgação