Coluna do dia

MDB nas asas do governador

Jorginho Mello realiza, na segunda quinzena de fevereiro, mais uma incursão internacional. Desta vez, viajará para os Emirados Árabes. Vai em busca de investimentos do exterior para Santa Catarina nas mais variadas áreas de atuação.
SC, que tem um potencial turístico indiscutível e um parque industrial considerável. O litoral é cortado por portos e aeroportos, existe qualidade da mão de obra, economia diversificada num Estado essencialmente empreendedor, exportador e foi colonizado por europeus: italianos, açorianos e alemães. É um estado padrão e um dos melhores do Brasil.
A agenda internacional também permitirá a segunda interinidade da vice-governadora, Marilisa Bohem. Ela assumiu pela primeira vez na recente viagem do governador a Buenos Aires para a posse do novo presidente argentino.
Quem acompanha o governador? Para se ter uma ideia da dimensão da viagem, vão com ele cinco integrantes do primeiro escalão. O presidente da Fiesc, Mário Cezar de Aguiar, foi convidado e confirmou que integrará a comitiva.

Manda Brasa

Também estarão com Jorginho dois deputados. Coincidentemente, os dois do MDB. O presidente da Assembleia Legislativa, Mauro de Nadal, e Antídio Lunelli. A ausência de De Nadal propiciará a investidura de Maurício Eskudlark no comando do Legislativo. Ele é do PL.

Tempo e distância

Ambos os emedebistas vão acompanhar o governador. E nada melhor, a história mostra, do que uma viagem internacional para conversarem e tricotarem politicamente. O governador vai realizar outra viagem no segundo semestre. O ano é tipicamente eleitoral, mas a campanha começa a pegar fogo mesmo a partir de agosto.

Gesto

Antes disso, Jorginho passará o governo para o presidente da Alesc, Mauro de Nadal, assim como já fez com o ex-presidente do TJSC, João Henrique Blasi.

Preferência

O governador deseja o MDB como parceiro preferencial. Não só em coligações estratégicas já nas eleições deste ano como também no seu projeto de recondução em 2026.

Capilaridade

O Manda Brasa é o partido com o maior número de prefeitos no estado. Não deve baixar de 80 na próxima eleição. Embora a maioria seja de pequenos e médios municípios, é uma base importante e consolidada, com diretórios nos 295 municípios catarinenses. Uma façanha que nenhuma outra sigla conseguiu alcançar.

Projeção

O que está raciocinando, Jorginho? O MDB conta com seis deputados estaduais – número que vai subir para sete com a chegada de Egídio Ferrari, de Blumenau -; na Câmara, o partido tem outros três nomes, além da senadora Ivete Appel da Silveira, que era suplente do próprio Jorginho Mello.

Tacada

O governador, muito astuto, sabe que trazendo o MDB acabará atraindo o PP a reboque. Os progressistas não vão arriscar novo projeto solo como em 2022, quando o partido se deu muito mal. Esperidião Amin ficou em quinto lugar. A sigla não elegeu sequer um parlamentar federal.

Sintonia

Emplacou apenas três estaduais, trio que está fechadíssimo com Jorginho. Ao PP não restará outro caminho. Até porque Amin seguramente vai buscar a recondução no Senado, onde está com uma atuação extraordinária.

Sem opção

Sozinho, sem coligação, ficará muito difícil para o PP. Se não for com o PL, o partido coligará com quem, o PSD?
Esperidião Amin sabe muito bem que as principais lideranças pessedistas de Santa Catarina não são confiáveis e que, por outro lado, querem distância dele.

Confortáveis

O PSD tem três ministérios na hipertrofiada esplanada ministerial sob Lula III. As bancadas do PSD têm votado sistematicamente com o PT, com o desgoverno, sobretudo no Senado.
O PP, majoritariamente, está com Bolsonaro, com o PL e contra Lula e o PT.

Força da gravidade

Trazendo o MDB aqui, o PP vem junto. Se facilitar, vem até o PSDB. Quanto ao Republicanos, o partido deve cair nas mãos de um liberal ainda no mês de fevereiro. Trocando em miúdos. O PSD, quando muito, terá o concurso do União Brasil, que está caindo pelas tabelas.

Triangulação

E o Novo, que receberá o apoio do PSD em Joinville? Os pessedistas também vão indicar a vice de Odair Tramontin em Blumenau. Isso na expectativa de que o Novo apoie – ou até indique o companheiro de chapa de Topázio Silveira Neto (PSD) na Capital.

Ocasional

Outro aspecto. Esse acordo PSD-Novo é frágil. Até porque o Novo também é contra o desgoverno no âmbito federal.
Então, essa viagem com dois expoentes do MDB é mais um passo para estabelecer o isolamento do PSD catarinense e fortalecer o projeto de reeleição de Jorginho Mello.

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