A política catarinense foi sacudida com a prisão de dois prefeitos na quinta-feira. O de Lages, Antônio Ceron (PSD), e o de Capivari de Baixo, Vicente Costa (PL). A detenção da dupla foi uma das consequências da segunda fase da Operação Mensageiro, que investiga suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude em licitação.
Trata-se de uma rede de corrupção envolvendo várias prefeituras estado afora. Muitas delas estão sendo investigadas pelo Gaeco.
O pivô dos escândalos é o setor de coleta e de destinação de lixo. A tendência é que essa operação venha a ganhar ainda mais ritmo nas próximas semanas, com novas apurações e novas detenções inclusive.
Prefeitos de vários partidos, os mais variados, estão na mira dos investigadores, o que pode respingar e até alcançar figuras proeminentes da política catarinense.
A tendência é de que o trabalho investigativo avance porque estamos num ano ímpar, sem eleições. Ano passado, tivemos o pleito nacional. Em 2024 será a vez das eleições municipais.
Tentáculos poderosos
Como essa rede está muito enraizada, a ideia das instituições de Segurança e judiciais é justamente tentar debelar esse tipo de prática criminosa na área de saneamento. Algo, aliás, muito frequente em Santa Catarina. Eis a grande verdade.
Data marcada
Interessante que a operação foi desencadeada um dia depois da investidura dos novos deputados estaduais na Assembleia Legislativa.
Fora de circulação
Os dois prefeitos encarcerados estavam, quarta-feira, na Alesc, prestigiando o início da nova legislatura e a eleição da mesa diretora da Casa para o biênio 23-24.
Holofote
Obviamente que Lages chama muita atenção neste contexto. É a Capital da Serra e um dos seis maiores municípios catarinenses.
Currículo
O prefeito preso, Antônio Ceron, é empresário, cumpre seu segundo mandato como gestor municipal de Lages; já foi deputado, presidente de partido e secretário de Estado.
Déjà-vu
A repercussão é grande. O eleitor lageano já assistiu destino parecido com o antecessor de Ceron, Elizeu Mattos (MDB). O emedebista foi preso e em seguida, condenado. Também por envolvimento em malfeitos no setor de coleta e destinação de lixo.
Dígitos
São quase duas dezenas de prefeituras sendo investigadas pelo Gaeco. O trabalho precisa ser levado a bom termo. Não se quer aqui fazer pré-julgamento ou condenação antecipada de qualquer autoridade. Urge, contudo, que a investigação prossiga e que se coloque um ponto final nesse esquema.
Foro
A operação do Gaeco de quinta-feira foi autorizada pelo Tribunal de Justiça, onde é o foro judicial de prefeitos. Pelo que se observa, não são movimentos desatinados, inconsequentes.
Língua nos dentes
Além dos documentos apreendidos já na primeira fase da Operação Mensageiro, ano passado, temos quatro prefeitos (Papanduva, Pescaria Brava, Balneário Barra do Sul e Itapoá), que seguem presos desde então (https://www.mpsc.mp.br/noticias/stj-e-stf-mantem-prisoes-de-investigados-pelo-mpsc-na-operacao-mensageiro), assim como alguns secretários municipais. Ainda detidos, há mais de dois meses, eles começam a celebrar acordos de delação premiada.
Espiando
A expectativa sobre este trabalho do Gaeco é que muita coisa ainda venha à tona, mexendo com os ânimos e o clima da política catarinense.