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Mercado dá sinais de recuperação

Eu e outros economistas desenvolvemos justificativas à crise econômica instalada no Brasil. As respectivas compreendiam as razões e medidas paliativas e saneadoras do momento e para o futuro. Aliás, quando a economia convivia com o nível de vendas nas alturas, várias vezes alertamos que por não termos uma economia consolidada, o processo de vendas poderia criar problemas na velocidade na circulação de moedas no mercado, o que resultaria em uma patologia gravíssima para o mercado e à economia.

O período de crescimento pelo qual passamos, resultante do alto volume de moedas em circulação no mercado, foi temporário. Então, pode advir a mente: mas de que forma os brasileiros começaram a dispor tão rapidamente de mais moedas para adquirirem bens e serviços em alta escala e, assim, fazerem a circulação atingir números elevadíssimos? Os brasileiros ficaram mais ricos? A resposta é notória: não. O que se deu foi um processo de gestão pública mentalizada na linha de que a facilitação do acesso ao crédito, a dilatação dos prazos de financiamentos e inúmeras outras vertentes, incrementariam as vendas e, por consequência, o aquecimento da economia foi eminente.

Na euforia desse crescimento poucos se atentavam ao seu efeito colateral: o significativo aumento do nível de endividamento. No instante que se atingiu o limite de solvência restou duas opções às famílias: o pagamento das prestações dos bens adquiridos há muito tempo, alguns até mesmo já sucateados face ao longínquo período temporal dos financiamentos, ou, então, a aquisição de produtos básicos à subsistência. A opção é óbvia e não merece delongas a respeito.

Deu-se, então, início a uma gigantesca cadeia de redução de gastos e de inadimplências, fatores geradores da queda do processo circulatório. Não é difícil entender: Com a diminuição do poder de compra, os brasileiros consomem menos; com a diminuição do consumo as empresas vendem menos e, em decorrência disso, a queda da produção industrial é inevitável; menor venda e queda na produção acarreta demissões e menor arrecadação tributária por parte do governo. Esses fatores somados impactam na qualidade de vida social.

Entretanto a esperança está de volta! Vários sinais econômicos nos fazem levar a esta conclusão: PIB primeiro trimestre – 0,3 % (previsão era de – 0,8%). Maio foi o primeiro mês, depois de 14 meses, que o comércio apresentou movimento POSITIVO. O IBC-BR de maio do BCB veio positivo (antecipa o PIB calculado pelo IBGE trimestralmente) depois de dois anos de RECESSÃO.  o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), cuja escala de pontuação varia de zero (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total), cresceu. O índice de junho registrou crescimento de 7,9% em relação a maio e atingiu 98 pontos – maior valor desde abril de 2015.

Este panorama é tangível face o controle mais sério em implantação no país, em relação ao gasto público (não apenas paliativo ou maquiado).

As dividas assumidas pela sociedade estão findando aos poucos e com isso o aquecimento das vendas será retomado. Os empresários que sobreviveram ao catastrófico momento econômico, se ainda não sentem em breve sentirão orgulho dos seus esforços e de suas lutas, pois as expectativas econômicas começam a serem vistas com bons olhos, não nos níveis de ápice, mas com resultados mais positivos do que os vividos em 2014 e 2015.

 

 Economista Luiz Henrique Belloni Faria, Presidente da Ordem dos Economistas de Santa Catarina – OESC

 

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