Coluna do dia

Mobilização suprapartidária

Em meio ao lodaçal, a classe política do Sul do mundo tenta se agarrar em algo para sair do atoleiro ou mesmo não ir definitivamente para o brejo. O que se observa na Capital Federal é uma grande mobilização, suprapartidária, no sentido de descriminalizar o velho caixa dois das campanhas eleitorais no país. Isso na visão deles, os políticos, evidentemente.

Muito embora o STF já tenha se manifestado, pela voz de vários ministros, no sentido diametralmente oposto, cravando que a prática é crime sim (e é mesmo), a turma está recorrendo ao mantra que salvou Lula da Silva em 2005. O próprio ex-presidente verbalizou, em alto e bom som, de que os recursos não contabilizados eram prática corriqueira no meio e de que não configurariam crime. O discurso salvou seu mandato e viabilizou a reeleição, mesmo em meio ao desgaste do mensalão. Que beleza.

Agora é outro episódio. Mas os dirigentes das principais legendas (PSDB, PMDB, PT, PP e por aí vai) estão resgatando a parolagem com vistas a tentar  manter um contingente de políticos em pé.

Porque se a banda continuar nesta toada, com a Lava Jato (MPF, PF, Sérgio Moro e a turma de Curitiba), investigando a fundo o caixa 2, paralelamente à apuração da roubalheira na Petrobrás, é possível que não sobre um para apagar a luz em Brasília.

 

Papelão

O PSDB entrou com os dois pés nesta tese cara-de-pau, querendo anistiar o dinheiro não contabilizado em campanha. Fernando Henrique Cardoso já escreveu algo nesta direção semana passada. E agora seu correligionário e candidato a presidente em 2014, Aécio Neves, lidera o grupo que pretende manter a farra criminosa.

 

Aliás

Caixa dois é dinheiro de corrupção. De propina. Portanto, é crime.

 

Tripé

A criminalização do caixa dois pode atingir em cheio o PSDB nacional, minando as intenções presidenciais da trinca tucana formada pelo próprio Aécio, mais Geraldo Alckmin e José Serra.

Na seara peemedebista, quem está na linha de tiro é Michel Temer.

 

Balaio de siri

Pelas informações que já circularam, a segunda lista de denuncias a ser apresentada pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, alcançaria 229 políticos. Entre eles, quatro presidentes, inclusive o atual, quatro governadores, quase 30 ministros e ex-ministros e três dúzias de senadores!

 

Cerveja

Napoleão Bernardes comemorou o título de Capital Nacional da Cerveja, concedido a Blumenau. É o reconhecimento de uma tradição e cultura de longa data na cidade e região. “E será impulso para um desenvolvimento econômico e empreendedor ainda maiores, principalmente no setor de cervejas artesanais, onde já atuam em Blumenau cerca de 120 produtores caseiros”.

 

Afago

No campo político, o governador interino, Eduardo Moreira, fez questão de levar no avião oficial o próprio Napoleão e o senador Dalirio Beber, dois tucanos de plumagem forte. Assim como o alcaide, Dalirio também tem base em Blumenau. Mais um afago do PMDB em direção ao PSDB, tendo como pano de fundo o tabuleiro pré-eleitoral. Lembrando, ainda, que quem sancionou a lei foi o peemedebista Michel Temer, quinta-feira no Palácio do Planalto. O PSDB é o principal aliado do PMDB no governo-tampão.

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