Em meio ao fogo cruzado que se estabeleceu entre os poderes Legislativo e Judiciário, os ministros do STF, coincidentemente ou não, finalmente resolveram analisar um dos processos de Renan Calheiros. Aquele, da década passada, no qual ele é acusado de receber propina da Mendes Junior para pagar a pensão de um filho fora do casamento. Foram oito votos pelo recebimento da denúncia e três contrários. Tecnicamente, o notório senador alagoano é acusado de peculato. Por ora, ele não perde a estofada cadeira de presidente do Senado e tampouco será preso de roldão. Mas perde prestígio e entra na mira definitivamente na mira do Judiciário. A decisão do Supremo também tem um viés bizarro nesse Brasil de tanto recursos, manobras, e de absoluto desrespeito por valores básicos. Agora, temos um réu na linha sucessória presidencial. Cláudio Lamachia, presidente da OAB no Brasil, já se manifestou. Pede a renúncia imediata do senador, algo que certamente não passa pela cabeça de sua excelência. As coisas andam tão na contramão que, terça-feira, Renan classificou o modelo político tupiniquim de “caquético.” Neste ponto, a coluna concorda absolutamente com o senador.
Divergência extrema
Corajoso, o juiz Sérgio Moro foi ao Senado, encarou vários personagens que estão sendo investigados pela Lava Jato e sugeriu que talvez este não fosse o momento adequado para discutir a questão do abuso de autoridade por parte de magistrados e integrantes do Ministério Público. Gilmar Mendes, do STF, também presente, ironizou, em um ato de deselegância extrema. Questionou se seria preciso esperar um ano sabático para debater a questão. Perdeu bela oportunidade de ficar calado.
Causa e efeito
Já era líquido e certo que a Odebrecht, inclusive o patriarca Emílio, iria assinar o acordo de delação premiada com o Ministério Público. Agora é oficial. Mais de 70 executivos vão abrir o bico na chamada delação do fim do mundo. Projeta-se que pelo menos 200 políticos, de todos os partidos, serão atingidos. E pensar que os deputados aproveitaram a tragédia com a delegação da Chapecoense para aprovar, na calada da noite, um pacote de autoproteção já antevendo os desdobramentos da delação. Vergonhoso.
Teto estadual
Nesta quinta-feira, Raimundo Colombo e mais quatro governadores participaram de reunião com o presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Em pauta, o detalhamento da ação coordenada entre o governo federal e as unidades estaduais para o conjunto das medidas de ajuste fiscal acordado entre as partes envolvidas. O objetivo, segundo Colombo, é reequilibrar as contas públicas. Meirelles disse que, no encontro, o “pacto de austeridade” dos estados foi “consolidado.”
Participaram da agenda, além de Colombo, Luiz Fernando Pezão (RJ), Rodrigo Rollemberg (DF), Simão Jatene (PA) e Wellington Dias (PI).
Pegou mal
A articulação interna no PT, liderada pelo prefeito de Balneário Rincão, Décio Góes, ex-prefeito de Criciúma, para assumir o comando do partido na maior cidade do Sul, tirando o atual líder, Fábio Brezzola que, inclusive, foi para o sacrífico recentemente, quando disputou a eleição suplementar para prefeito. Ele se prepara para disputar uma vaga na Alesc, que também é cobiçada por Góes. O prefeito ficará sem mandato a partir de janeiro.