Foi uma pena, uma perda para Santa Catarina ver a deputada Carmen Zanotto declinar o convite para assumir a Secretaria de Estado da Saúde. Ainda mais num momento como esses e no contexto político atual.
Além de parlamentar, no terceiro mandato de deputada federal, a catarinense é presidente da Frente Nacional da Saúde e relatora da Comissão Externa do Combate ao Coronavírus na Câmara. Também atua na interlocução entre o Ministério da Saúde e as secretarias dos três estados do Sul.
Evidentemente que Carmen Zanotto levou alguns aspectos importantes para não voltar ao comando da Saúde estadual.
As duas principais razões: ela observou que a situação do governo catarinense não é boa. Amanhã ou depois podemos chegar até ao extremo de um processo de impeachment do governador. Desfecho que deixaria a deputada com o pincel na mão.
Contexto municipal
Não bastasse isso, há a projeção eleitoral. Se ele aceitasse o cargo, ficaria inelegível para o pleito municipal. Mesmo que as eleições sejam adiadas, o prazo de seis meses para desincompatibilização seria vencido rapidamente ali adiante.
Convergência
Ainda mais considerando-se que o nome de Carmen Zanotto hoje é fortíssimo em Lages. Se ela se candidatar, canalizará apoios importantes e quase que automáticos, como os do ex-deputado Fernando Coruja (com quem tem laços de amizade e políticos há décadas); do ex-governador Raimundo Colombo, que teria espaço para voltar a ser deputado federal (porque ele não terá mais chances em disputas majoritárias); do prefeito Antônio Ceron, que sabe que não terá reeleição; e de empresários importantes. Ao fim e ao cabo, a candidatura dela converge interesses. Até o próprio Moisés da Silva acabará apoiando o nome dela.
Saída caseira
Por falar em governo do estado, depois do não de Carmen Zanotto, a solução encontrada foi caseira. O até então secretário-adjunto, André Mota Ribeiro, é uma solução técnica. Do ponto de vista do combate à pandemia, é um bom encaminhamento. Ele já está por dentro de tudo e manterá a equipe, que da mesma forma vinha atuando.
Prazo de validade
Agora, vencida a pandemia, Moisés da Silva precisa promover grandes mudanças em seu Colegiado. O ciclo da tal equipe técnica, nova política, de gente apolítica, venceu, deu. Já está mais do que claro que essa equipe técnica não está preparada e que o aspecto moral não foi solucionado.
Peso político e social
Urge ao governador chamar nomes com interlocução, visibilidade e experiência, levando o seu governo a outro patamar. Se ele conseguirá reunir esses nomes, bom, aí é outra história, porque a ameaça de impeachment naturalmente dificulta esse processo.
Exemplo federal
Moisés da Silva deve pegar o caminho que Fernando Collor pegou. Sim, isso mesmo. O problema é que o ex-presidente encontrou nomes de peso e os chamou para seu ministério quando já estava com o governo inviabilizado e o impeachment era só uma questão de tempo.
Timing
Importante lembrar, contudo, que Collor chamou o embaixador Marcílio Marques Moreira para a pasta da Economia, Jorge Konder Bornhausen para a Secretaria de Governo, o jurista Célio Borja foi nomeado ministro da Justiça e Jarbas Passarinho também teve espaço na Esplanada. Todos figuras de peso nacional e com trânsito em várias esferas.
E mesmo assim, todos sabem como terminou o governo do alagoano. Moisés da Silva precisa agir rapidamente antes que acabe inviabilizado política e administrativamente.