Coluna do dia

Moisés sem apelo popular

O fim de semana gerou uma cena que escancara a situação eleitoral do governador do Estado. Apesar da boa gestão, enxuta e com anúncios de investimentos vultosos, Moisés não demonstra apelo popular, empatia com o eleitorado catarinense.
Ele foi a Bombinhas durante um evento. Antes da abertura do show principal, foi chamado ao palco pela líder política da cidade, a deputada Paulinha. A parlamentar jogou o governador nas alturas, lembrando que ele já destinou R$ 40 milhões para o município, “para nós” declarou Paulinha, que já foi prefeita duas vezes de Bombinhas e fez o sucessor, o marido Paulo Dalago. Ela classificou Moisés de “irmão.”
Entre algumas vaias pontuais e raros aplausos, o que se viu uma enorme indiferença do público ante o anúncio. Constrangimento geral.
O governador acabou pagando o famoso mico e a deputada ficou numa saia justa. É vista como a referência política de Bombinhas e região, onde se acredita que tem muita influência.
O que nos leva a questionar: ou Paulinha não está atuando na base em favor de Moisés, embora tenha canalizado verbas vultosas para um município pequeno; ou seu prestígio entre os eleitores locais não tem a dimensão do que é apregoado.
O fato é que Moisés está muito próximo dos políticos e longe do povo.

Isolamento

De alguma maneira, ele tentou compensar o isolamento auto estabelecido na primeira parte de seu governo, congelamento que durou até o primeiro processo de impeachment. Depois de escapar, o governador entrou de cabeça no jogo político. É um movimento estratégico e fundamental. Os resultados eleitorais, no entanto, deste tipo de postura dependem também de uma série de outros fatores.

Sem partido

Um deles é a situação partidária. Os dois primeiros grandes equívocos do governador foram cometidos logo na largada, no início da gestão.
Voluntariamente, ele tratou de dinamitar as pontes com Jair Bolsonaro. Na mesma balada, ele simplesmente não deu bola para o PSL (hoje União Brasil) e para os deputados eleitos pela sigla.

Quem?

Sua postura controversa e absolutamente fria e ausente em relação ao grupo de novos deputados que emergiu na Onda Bolsonaro literalmente deixou a turma sem rumo. Aos poucos, cada um foi buscando seu caminho. Moisés fez novos “amigos.” Cuja fidelidade já está sendo testada.

Acuado

Depois do auto isolamento, ele sofreu dois processos impeachment, absolutamente desgastante. Foi afastado duas vezes do comando. O cenário era de insegurança total.
Mesmo que quisesse, naquele período turbulento, o governador não conseguiria tornar-se mais popular e firmar-se num partido.

Sem expressão

Optou agora pelo pequeno Republicanos, o que já gerou o afastamento de um grupo do PSD que estava no governo e congelou as projeções e ações da bancada estadual do MDB em torno da perspectiva de uma campanha em que caminhariam juntos.

Caminho difícil

Haverá muitos outros desdobramentos ainda e não dá pra dizer que Moisés está fora do jogo. A série de equívocos estratégicos que ele cometeu, contudo, já estão trazendo e trarão muitas dificuldades para o projeto de reeleição.

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