Blog do Prisco
Coluna do dia

Momento para refletir

Partidos políticos, algo que nos dias de hoje existe em profusão neste país. No período militar, ao contrário, havia apenas duas legendas.  Os militares restringiram o espectro partidário a duas possibilidades, o que se convencionou chamar de bipartidarismo. De um lado, a Arena, Aliança Renovadora Nacional, onde, resgate-se, todo mundo queria uma vaguinha. Era o partido do regime, com suporte do governo.
Uns poucos da UDN, do PTB e do PSD acabaram assinando ficha no MDB, Movimento Democrático Brasileiro, permissão dos comandantes para não ficar tão na cara o controle exercido no sistema.
Chegou-se a um ponto em que os militares pediram que algumas lideranças da Arena fossem para o MDB, para que ele pudesse existir, senão ficaríamos como a China de hoje. Lá, só existe um partido, um pensamento aceito, uma linha ideológica válida. O restante é combatido com mão, pulso, pés, pernas, cérebros e corações de ferro. Aí não é possível, evidentemente, se falar em qualquer esperança ou sopro democrático.

Mais da metade
Apesar da repressão militar, o MDB foi crescendo. Lá em 1974, a turma do Manda Brasa surpreendeu o regime militar, elegendo 16 senadores.

O pioneiro
Aqui em Santa Catarina o eleito foi Evelásio Vieira, o Lazinho, radialista em Blumenau, cidade na qual havia sido prefeito. O blumenauense surpreendeu Ivo Silveira, ex-governador que buscava o mandato na Câmara Alta.  Cenário que se repetiu em outros estados.

Curva ascendente
Em 1978, o quadro foi semelhante. Jaison Barreto, do MDB, se elegeu. A eleição significou que, em 1979, tínhamos em Santa Catarina, estado essencialmente conservador, Lazinho e Jaison no Senado.  O terceiro integrante da bancada foi, graças ao pacote de abril, que fechou o  Congresso e o Judiciário, criando, de lambuja, a figura do senador biônico, Lenoir Vargas Ferreira. Escolha baseada na necessidade de se estabelecer um contraponto, pois o regime corria o risco de assistir à ascensão de três senadores emedebistas por Santa Catarina!
A nomeação de Ferreira deixou o placar em 2 a 1.

Biônicos
Estamos nessa digressão porque em 1979, quando assumiu a última leva de governadores eleitos indiretamente, e o escolhido foi Jorge Konder Bornhausen, votado somente pelos integrantes da Assembleia Legislativa. Já em 1982, houve o restabelecimento das eleições diretas nas unidades federadas. Os catarinenses escolheram Esperidião Amin para o governo.

Aberta a porteira
Foi a partir de 1979, portanto, que começou o movimento pluripartidário, embalado também pelos retornos de Leonel Brizola e Miguel Arraes ao país e à vida política fora da clandestinidade, possibilitada pela anistia. Outros tantos políticos seguiram nessa mesma direção.

Sopa de letrinhas
A partir daí, a difusão de siglas foi fantástica. Em meio a isso, mais recentemente, os generosos fundos (eleitoral e partidário) foram criados. E reforçados com a proibição do notório caixa dois e outras coisitas mais. A farra é descarada. Pouca gente sabe, mas se tratam de verbas bilionárias carreadas aos cofres partidários a partir dos impostos pagos por todos nós.

Empresas familiares
É uma verdadeira festa. O dirigente partidário aplica os fundos como bem entende, privilegia candidaturas ligadas a ele, sem falar que fora do período da campanha, os recursos são utilizados ao bel prazer do dono da sigla, comumente transformadas em empresas familiares regadas a milhões de dinheiro dos impostos. E o cidadão compra helicóptero, jatinho, carrões, mansões, resolve sua vida, da sua família e ninguém diz nada. Onde estão as instituições, as entidades, a sociedade, a mídia tão diligente e preocupada com o futuro da nação?

Cientes
Os próprios magistrados, em conversas reservadas, admitem que os fundos são uma farra, mas não acontece nada. O Congresso, por óbvio, não vai acabar com isso, pois ali estão os maiores beneficiados com este absurdo.

Única saída
Quem vai cortar isso? Quem fará uma reforma política verdadeira? Este Congresso que aí está? A única saída seria uma Assembleia Nacional Constituinte, sem a participação dos deputados e senadores de plantão.