O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e do Rio Grande do Sul (MPRS) se uniram para definir estratégias e ações de enfrentamento e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas que vêm causando desastres cada vez mais comuns na região Sul do País. O termo de cooperação entre as duas unidades estaduais do Ministério Público foi assinado no final da manhã desta quarta-feira (22/11), em Porto Alegre (RS), na sede do MPRS, durante o Seminário “Realidade das Mudanças Climáticas: os desafios da Governança e da Reconstrução”.
A iniciativa desse termo de cooperação partiu do Procurador-Geral de Justiça catarinense, Fábio de Souza Trajano, e do PGJ gaúcho, Alexandre Sikinowski Saltz, que, diante das catástrofes e desastres naturais, viram a necessidade premente de unir esforços para contribuir com a discussão e encontrar alternativas para o enfrentamento de tão grave problema. “Queremos uma atuação uniforme, dinâmica e contínua com as demais entidades governamentais e não governamentais, para uma maior resolutividade em benefício da população”, explica Trajano.
“Rio Grande do Sul e Santa Catarina enfrentam os mesmos eventos climáticos. A atuação do Ministério Público tem de ser uniforme para garantir que o princípio da unidade institucional seja uma realidade, especialmente em favor das pessoas que precisam desse trabalho. Esse convênio que estamos assinando hoje é um passo concreto para uma atuação integrada entre os dois estados que tem sofrido com mais intensidade esse tipo de desastre”, ressalta o procurador-geral de Justiça do MPRS, Alexandre Saltz.
Números atuais demonstram que 71 cidades catarinenses estão em estado de emergência por causa dos estrados das chuvas e mais de 5,8 mil pessoas estão desabrigadas. A Defesa Civil confirmou nesta segunda-feira que o Estado registrou o quinto tornado neste mês. O fenômeno ocorreu no sábado (18/11) na região Sul e provocou estragos em Balneário Gaivota e Sombrio. No Vale do Itajaí, Rio do Sul e Trombudo Central estão com pontos de alagamentos; em Vidal Ramos pelo menos 23 pontes foram levadas pela correnteza do Rio Itajaí-Mirim.
O Subprocurador-Geral para Assuntos Institucionais do MPSC, Paulo Antonio Locatelli, lembra que um outro enfoque de atuação é a preocupação com leis ambientais muito flexíveis ou aprovadas sem respeitar a formalidade procedimental e técnica exigida, colocando em risco aqueles que se beneficiarão dessas normas despojadas. “Vide leis municipais reduzindo margem de curso de água”, ressaltou.
As Promotorias de Justiça regionais do meio ambiente em Santa Catarina serão de extrema importância nesse trabalho. Elas vão passar atuar de forma ainda mais uniforme e articulada, especialmente porque já estão divididas em bacias hidrográficas, que são aquelas áreas delimitadas por um rio principal e seus afluentes, águas da chuva via escoamento, nascentes e lençol freático.
Manual de Atuação CNMP
Durante o evento, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) lançou um manual prática para atuação do Ministério Público brasileiro no enfrentamento a desastres socioambientais e mudanças climáticas. O manual foi elaborado pelo Grupo de Trabalho sobre Desastres Socioambientais e Mudanças Climáticas do CNMP, integrado por membros dos mais variados ramos do Ministério Público espalhado pelo País. O Procurador de Justiça catarinense Paulo Antonio Locatelli, hoje Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MPSC, é um dos autores do guia.
‘Atuar em temas complexos, sensíveis, de grande repercussão e reflexos sociais, ambientais e econômicos exige conhecimento e agilidade, objetivos aos quais o manual prático para atuação do MP nos desastres ambientais e mudanças climáticas visam atingir, com uma linguagem clara, checklist e modelos precisos sobre o tema“, comentou Locatelli.
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Crédito: Thiago Coutinho/Comunicação MPRS