Raimundo Colombo reúne hoje no fim da tarde, no Palácio Residencial, na presença do secretário Moacir Sopelsa (Agricultura) e do presidente Enori Barbieri (Cidasc), representantes do setor produtivo catarinense, especialmente da área de carnes, tendo em vista a brutal repercussão da mais recente operação deflagrada pela Polícia Federal.
O superintendente federal do Ministério da Agricultura em SC, Jaci Massi, também foi convidado. Sopelsa, Barbieri e Massi têm batido na mesma tecla: é fundamental investigar as graves irregularidades cometidas, mas é igualmente importante separar o joio do trigo. A generalização coloca em risco o setor, nivelando-o por baixo, o que é muito perigoso para a economia nacional e estadual.
Os meios de comunicação precisam oferecer grande destaque para essa investigação, mas esclarecendo que se trata do envolvimento de 0,5% das empresas produtoras de carne e 0,3% dos fiscais. Vale lembrar que a fiscalização do Ministério da Agricultura mobiliza mais de 11 mil profissionais. Nesta ofensiva da PF, estão implicados apenas 33 fiscais.
Outro aspecto relevante: as indústrias responsáveis por adulteração do produto, utilização de carne vencida ou até estragada estão concentradas nos Estados de Minas Gerais, Paraná e Goiás. Aqui em Santa Catarina, apenas uma empresa de Jaraguá do Sul é que comprou carne paranaense.
Força econômica
Todas as bases industriais catarinenses estão fora da apuração porque regularizadas. E é sempre bom recordar que mais de 70 mil empregos são gerados no setor em SC, um dos maiores produtores de carne do País, seja bovina, suína e de aves. Com perfil exportador em vários segmentos da economia, o nosso Estado tem tradição e histórico de certificação sanitária.
Ducha fria
A Operação Carne Fraca acabou desencadeada duas semanas após o retorno do governador da viagem ao Japão, onde negociou a intensificação da exportação da carne catarinense. E também arrancou a vinda de uma missão da Coreia do Sul agora em abril, com o mesmo objetivo. A Coreia é a quinta maior importadora mundial de carne, suína, uma especialidade de Santa Catarina na produção.
Credibilidade
O secretário Moacir Sopelsa, um homem que como poucos representa o sentimento político e empresarial do Grande Oeste catarinense, faz questão de destacar que o Estado é muito acreditado no exterior. Não é por acaso que SC é pioneira no status de livre de febre aftosa sem vacinação.
Terra arrasada
Uma eventual quebradeira do setor de carne, colocando todas as empresas na vala comum seria trágico para o Brasil e Santa Catarina, no contexto do comércio exterior e da própria balança comercial brasileira. Isso sem falar que na perda da arrecação nacional e estadual. A divulgação tem que acontecer, mas de forma responsável e não alarmante, sob pena de consequências imprevisíveis.
Risco
O presidente Michel Temer convocou para esse domingo uma reunião emergencial, considerando o estrago que veiculação internacional pode provocar nos contratos comerciais com mais de 150 países. Isso sem falar na reação da própria população brasileira, preocupada com o noticiário dos últimos três dias.
Alerta
Caso típico das notícias dando conta de papelão misturado com carne. Moacir Sopelsa ponderou que isso não existe. Na eventualidade de se verificar a mistura, o papelão necessariamente não gruda na carne. Fica separado. Alerta que a população não pode ser confundida com algo irreal.