O sábado (27) foi dia de Encontro de Mulheres Petistas de SC, na Assembleia Legislativa, em Florianópolis. Neste dia, a secretária de Mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT-SC), vereadora Marcilei Vignatti, entregou à presidenta nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) uma carta com as proposições políticas feitas pelas mulheres catarinenses, tiradas durante o evento.
– Um dos marcos desse encontro foi a realização de grupos de trabalho, de onde saíram as propostas, com oportunidade para que as companheiras deliberassem e propusessem de fato. Importante dizer que todas falaram sobre a importância da formação em todas as regiões e nossa relação real com os movimentos organizados de mulheres. E a reafirmação de que mulheres se colocarão como candidatas, mas que exigem respaldo, formação e trabalho de todo o partido e não só dos setoriais de mulheres-, diz a secretária estadual.
Gleisi reafirmou a luta Lula Livre, embasando sua argumentação nas realizações do ex-presidente. Mas chama a atenção para que esta luta seja feita principalmente pelas mulheres.
– Temos de dizer sem medo que somos feministas. O feminismo é o contraponto ao patriarcado, não é só uma luta de mulheres por espaço. Quando falamos de feminismo, falamos da pauta libertadora daquele que sempre foram punidos por serem diferentes: mulheres, índios, negros, LGBTS. Esta luta sempre foi a luta do PT -, conclui.
O encontro deste sábado rendeu homenagem a Arlete Canarinha, militante, candidata a deputada estadual nas últimas eleições, falecida em janeiro deste ano. A ex-deputada Ana Paula Lima falou algumas palavras, emocionada, narrando o ato de filiação de Canarinha, a luta que ela travava em todos os espaços para defender o partido e as teses que acreditava.
O presidente estadual do PT-SC, Décio Lima, lembrou que Santa Catarina é o único estado brasileiro que carrega o nome de uma mulher. Lembrou de mulheres que fizeram história por aqui, como a própria Antonieta de Barros, que dá nome ao auditório onde aconteceu o evento. Lembrou também das companheiras Luci Choinaschi e Ideli Salvatti.
– Nosso estado tem Anita Garibaldi, tem a santa Madre Paulina. Mas, apesar disso, nos deparamos com o fato de sermos o segundo estado em feminicídio. Só no mês de janeiro deste ano, 15 mulheres foram assassinadas. É triste ter que conviver com esses números -, lamentou Lima.
No período da manhã, a mesa de falas expôs a conjuntura política do país, as violências, o feminismo e as eleições 2020. Vanda Pinedo representou o Movimento Negro Unificado (MNU-SC) e falou sobre as dificuldades que ainda encontra o povo negro, mesmo representando 54 por cento da população brasileira. Já a professora Marlene de Fáveri fez uma análise do cenário educacional no estado e destacou o “Escola Sem Partido”. Ela contou que muitos professores estão sendo filmados por alunos e denunciados. Na mesma mesa de debates, a deputada Luciane Carminatti contou sobre os desafios enfrentados pela Casa Legislativa neste início de mandato do novo governador e diz que, na política, as ações têm que ser realizadas com inteligência. E que o PT é resistência.
Outro destaque do encontro, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) fez uma análise do cenário nacional, especialmente nas políticas de desmonte que atingem diretamente as mulheres fazendo duras críticas ao governo atual. Maria do Rosário é uma das parlamentares mais combativas a Bolsonaro e também falou sobre a “Escola Sem Partido “
– É uma escola sem ciência, do obscurantismo. Eles são doutrinadores. Eles fomentam o ódio e a violência na sociedade. Eles não são só uma linha política difusa, hoje eles são o Estado brasileiro. Necropolítica é a política da morte, do desrespeito, do inimigo -, disse.
Com tanta autoridade presente, o grande destaque do dia foi a fala da Sem Terrinha (MST), Sofia Câmara, de nove anos, vinda de Chapecó. Ela visita com frequência o acampamento Lula Livre, em Curitiba, onde costuma cantar canções da Elis Regina. Segundo ela, o ex-presidente gosta. Com muita desenvoltura, sentou na mesa de autoridades e deu uma lição, segundo a plateia.
– Uma mulher que sabe o que quer, e luta por isso, pode transformar o mundo, A gente tá aqui porque sabe que tem que seguir lutando e buscando espaço, temos que resgatar o nosso poder de fala. Não podemos deixar que os homens resolvam o que fazer com os nossos corpos. Se você educa um homem, educa um homem, se você educa uma mulher, educa uma geração”, disse.