Coluna do dia

Nadando de braçada

Nadando de braçada

Completou-se o primeiro trimestre da administração de Jorginho Mello. E quem faz oposição ao seu governo? Na prática, ninguém. Nesse período, Décio Lima, que foi quem o enfrentou no segundo turno, deu uma submergida, desapareceu, ficou nas articulações para seu aproveitamento na administração do amigo e compadre Lula da Silva, o que ocorrerá, finalmente, no próximo dia 10. O petista assumirá uma posição de relevo na presidência do Sebrae Nacional.
A nomeação de Décio só é possível com a renúncia de Carlos Melles, que foi eleito em dezembro do ano passado, entre a eleição e a posse de Lula, para um mandato de quatro anos até dezembro de 26. Como o governo Lula se articulou e conseguiu votos para destituí-lo na semana que vem, ele se antecipou. E entregou o boné.
Considerando essa circunstância, Décio, nesses três primeiros meses, não se ateve a fazer oposição até porque normalmente é aquele período de carência, de tolerância que a sociedade oferece aos administradores.

Guinada

Pergunta-se: mesmo estando em Brasília, à frente do Sebrae Nacional, o ex-prefeito de Blumenau vai assumir posição de combate frontal a Jorginho? Até pode, embora distante. Mas o seu PT, que ele preside, poderá fazer, sim, oposição. Mas, convenhamos, é uma oposição que não ganha consistência considerando a fragilidade da esquerda e do PT em Santa Catarina.

Perfil SC

O eleitor estadual forma uma sociedade essencialmente conservadora, como ficou evidenciado nas últimas duas eleições, onde Carlos Moisés e Jorginho Mello, no segundo turno, fizeram 70% dos votos. É o conservadorismo, tipicamente tupiniquim, tipicamente catarinense.

Condição

Mesmo assim, o petista é o líder de oposição na província. Pelo fato de ter ido para o segundo turno. Mas, na prática, Jorginho Melo está nadando de braçadas. Até porque a última formulação de que quem está assumindo a liderança da oposição em Santa Catarina é Carlos Moisés é difícil de engolir. Não pega.

Mergulho

Depois de dois meses de um período sabático para colocar as energias em dia, o ex-governador retornou como presidente do Republicanos no estado. O retorno ficou marcado durante sua participação em um evento do Movimento Brasil Livre e alguns raciocinam que ele vai assumir a liderança de oposição, mas como?

Tibieza

Moisés da Silva foi o único governador do Brasil que não chegou ao segundo turno, dentre aqueles que poderiam concorrer, claro, à reeleição. Ele e Rodrigo Garcia, em São Paulo. Só que Rodrigo foi eleito vice governador de João Dória, que renunciou para ser candidato à presidência, o que não se concretizou.

Lacuna

À frente de um mandato de governador, o único que não chegou no segundo turno foi Carlos Moisés. Não sabe nada da arte de articulação política. Foi um zero à esquerda no exercício da prática política. Essa que é a grande verdade.

Colapso

Moisés da Silva ainda vai ter que explicar a situação de calamidade pública de boa parte da rede hospitalar catarinense, sem falar na fila das cirurgias eletivas que o atual governo está atacando. Tudo combinado com a situação financeira do Estado. Os aumentos bilionários patrocinados por ele aos servidores das várias frentes do funcionalismo estadual, chegando a R$ 2,3 bilhões, também vão exigir explicações.

Aplicou corretamente?

Há quem alegue que o ex-governador tinha caixa para isso. Ocorre que sua generosidade para quem já detém inúmeros privilégios deu-se no boom da receita, por conta da inflação, especialmente sobre combustíveis e a energia elétrica. Inflação alta eleva a arrecadação de ICMS, o principal tributo estadual.

Cara de paisagem

Só que Moisés sabia muito bem e seus liderados igualmente no colegiado, que a partir de 2023 a realidade seria outra. Ou seja, ele gastou por conta. E ainda durante o seu governo praticamente inteiro, em meio à pandemia, SC não precisou transferir os valores da dívida estadual junto à União.

De rodo

Receberam, durante a pandemia, estados e municípios, recursos a dar com o pau do governo federal, da administração Jair Bolsonaro. E agora a normalidade se restabelece e as dificuldades se apresentam. Explicações não faltarão a serem cobradas do Bombeiro aposentado.

Tamanho

Além do que, na sua essência, Moisés não representa nada politicamente. Nem eleitoralmente. Foi eleito por Bolsonaro e derrotado pelo próprio Bolsonaro quatro anos mais tarde.

Vai ter que remar

Como presidente do nanico Republicanos e sem saber fazer política, ele precisará de muita sorte para recrutar uma nominata razoável de candidatos para fazer legenda. Partindo da premissa que Moisés estaria sonhando com uma deputação estadual ou federal em 2026. No máximo.

Vácuo

E quem vai fazer oposição a Jorginho Mello? A partir de 2025, muito provavelmente o prefeito Adriano Silva, que administra a maior cidade catarinense, Joinville. Aliás, realiza uma estupenda administração, com aprovação superior a 80%. Tem tudo para se reeleger sem a menor dificuldade e tem tudo também para liderar a oposição e para ser o candidato a ser enfrentado por Jorginho Mello no seu projeto de recondução no pleito estadual 2026.

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