Coluna do dia

Nitroglicerina pura

Roberto Jefferson é uma figura política absolutamente imprevisível. Costuma-se dizer que é nitroglicerina pura. Quando Lula da Silva chegou ao poder, em 2002, Jefferson já era o presidente nacional do PTB (hoje licenciado da função. Ele, no entanto, continua dando as cartas no partido). Tinha muita proximidade com o presidente eleito e com o chefe da Casa Civil à época, o notório Zé Dirceu. Que resolveu ignorar o petebista. Ele não titubeou. Deu uma entrevista à Folha de S. Paulo explicitando o mensalão, que basicamente consistia no pagamento de deputados para votarem nos interesses do governo. E fazia parte da estratégia petista de desvalorizar os demais poderes, relegando o Legislativo a um reles balcão de secos e molhados.

O próprio Jefferson foi condenado no mensalão.

Há cerca de dois anos, ele virou fiel escudeiro de Jair Bolsonaro. Acabou preso este ano. Há mais de dois meses. Vem sendo monitorado pelo ministro Alexandre de Moraes, que tem sido, digamos, rígido com Jefferson. Ele está enfermo, passou um tempo já no hospital. O ex-deputado tem atacado fortemente o Xandão da esquerda, com vídeos e textos.

 

Novo alvo

Agora, o petebista virou sua metralhadora giratória na direção de Jair Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro. Basicamente, afirmando que a família presidencial gosta de incursões financeiras de origem pública.

 

Suspeita

Talvez esteja fazendo alusão às tais rachadinhas nos gabinetes de Flávio quando era deputado estadual no Rio de Janeiro e do próprio Bolsonaro, que cumpriu sete mandatos de deputado federal.

 

Modus operandi

Pergunta-se: Bolsonaro será uma vítima de Jefferson, assim como o próprio Zé Dirceu, que depois de dois meses da entrevista bombástica do petebista foi degolado da Casa Civil? Corria o ano santo de 2005. Lula da Silva também sofreu desgaste. Ao revelar o mensalão, Jefferson colocou em xeque a reeleição do ex-mito no ano seguinte.

 

Munição

Será que agora o ex-deputado tem munição para desequilibrar o pleito eleitoral de 2022, já que estamos às portas do ano eleitoral? Não seria prudente, à primeira vista, subestimar Roberto Jefferson. Ele está atirando contra a primeira família porque se sente abandonado depois que foi preso por ordem do xerifão Moraes do STF.

 

Subiu no telhado

Essa mudança de postura do comandante nacional do PTB tem reflexos diretos em Santa Catarina. O partido passou a ser pilotado recentemente pelo deputado estadual Kennedy Nunes, que saiu do PSD.

 

Perdidinho

E se prepara para receber mais três parlamentares estaduais: Ana Campagnolo, Jessé Lopes e Felipe Estevão. Só que todos eles são alinhados ao presidente da República. Inclusive o próprio Kennedy, que agora está igual a barata tonta. Ele cobrou da presidente em exercício da sigla um posicionamento.

 

Natimorto

Se a posição do Jefferson, de virar oposição a Bolsonaro, for a posição do partido, o projeto PTB em Santa Catarina morre logo após seu nascimento.

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